segunda-feira, 30 de julho de 2012

Perfume de mulher

Eu não teria reparado nela. Seria apenas mais uma entrando no meu taxi.
Era cedo, umas 18:30, ela fez sinal em Copacabana e eu parei. Olhei o céu, entardecia.
- Moço, Botafogo, naqueles cinemas...
- Estação Botafogo, eu emendei.
- Isso, ela respondeu satisfeita.
Eu não olharia para ela duas vezes, mas foi então que aquele perfume encheu o carro. Um cheiro gostoso, feminino, não, não era enjoativo, mas era de mulher.
- Não é mais Estação Botafogo, o Sr. sabia?
Ainda bem que ela puxou um papo! E, seguimos conversando e eu reparando mais nela, o porte, o sorriso aberto, os olhos verdes, o corpo, o cheiro, o fogo, o papo.
- Sabe, a Senhora é minha última passageira. Vou deixar a Senhora e sigo pra casa.
- O Senhor gosta de cinema?
Acabei no cinema e depois nós ainda fomos fazer um lanche e tomar um café gostoso no bistrô do Estação. Aquela mulher era boa de conversa, fui deixar ela em casa. Em agradecimento ela me deu uma abraço... ah, ela sabia das coisas. O cheiro dela grudou em mim. Não tive dúvida, peguei de jeito e tasquei um beijo.
Acordei na casa dela.
- Me diz uma coisa, qual é o nome do seu perfume?
- Café.

domingo, 22 de julho de 2012

Outros quandos

  • Quando tu me descreves, me relatas.
    Quando eu te descrevo, te traduzo.
  • Quando eu amo, estou inteira.
    Quando tu amas, te despedaças.
  • Quando eu mando, teimas.
    Quando ordenas, me rendo.
  • Quando te imito, te irritas.
     Quando te irritas, eu adoro.
  • Quando eu anoiteço, você me provoca.
    Quando eu amanheço, você adormece.
  • Quando eu me dispo: enluaro.
     Quando tu me despe: tatuagem
  •  Quando sorris, me arrebatas.
    Quando eu sorrio, te derretes todo.

domingo, 8 de julho de 2012

Sábado Cine

Este sete de julho foi totalmente dedicado ao cinema.
Primeiro assisti o Deus da carnificina e agora parto Para Roma com amor.
Vai ser estranho, depois de ter visto muitos dos filmes de Fellini...
Ah, me lembrei, vi há pouco tempo Comer, rezar e amar, talvez ajude, embora Woody Allen não seja tão óbvio.
Por que dizem que a Itália é romântica? Será por conta da língua ou dos hormônios latinos?
Roma subjugou muitos povos e se constituiu  em poderoso Império que, como tudo na vida, terminou, ruiu, findou decadente. De lá para cá outros Impérios, outras histórias até chegarmos ao nazi-facismo.
Tão romântica quanto a Itália é a França na primavera ou a Grécia, o que me faz lembrar da mitologia com Eros e Afrodite, adotados por Roma como Cupido e Vênus, será que tudo nasce do mito?
Mas depois eu conto, vamos voltar ao enredo do Deus da Carnificina.
Dois casais se encontram para discutir a relação problemática de seus filhos, mas ao invés de falar das crianças e falando delas, acabam interagindo e falando cada vez mais de si, gerando a revelação de cada um, enquanto ser humano e dos seus respectivos papéis sociais, todos se desnudam sem qualquer pudor, sem tirar uma peça de roupa! Vomitam a alma. O filme vai decodificando e simplificando a linguagem e cada personagem vai se expondo sem dó ou piedade. Fiquei doida para ler o texto original!
Como os grandes impérios, as pessoas secam, degeneram e causam muito estrago antes de morrer. O homem se encarrega de arrastar tudo com ele a medida que cria estruturas para isso, o seu Estado, os seus Governos, a sua burocracia, os seus planejamentos.
Enquanto Deus distribui generosamente beleza e amor e apenas diz sim a existência, nós fazemos questão de negar a vida e matarmos toda luz no mundo. Ainda bem que existem as crianças e elas sobrevivem!