sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Moçambique

Helô só disse: Estou indo para Moçambique.
Mala na mão e porta afora deixando para trás o atônito João. Afinal, não podia se dar ao luxo de grandes explicações naquela altura do campeonato.
Em mais ou menos duas horas lá estava, em Floripa, Santa Catarina (lembrou-se de Paris, Texas).
Ficaria em algum lugar por ali até amanhã onde seguiria para Moçambique, seu encontro marcado com a poesia.
Era preciso comprar coisas essenciais: um caderno, um lápis e uma borracha, com um certo estilo.
Não se pode escrever sem um certo estilo, mas não conseguia escrever uma linha desde que tinha marcado o encontro.
Na verdade Helô desejava ler nos olhos, falar uma nova língua, trocar fluidos, suores, conter expressões para sempre em sua memória seletiva, guardar gestos, desfrutar prazeres, provar do sal e do sol, colher amores, ilusões passageiras, reter o vento, saborear a brisa, rir, borbulhar, amar, falar, calar, abraçar, beber tudo em grandes goles pela eternidade das paixões que nunca mentem, mas apenas se assemelham a chuva.
Tocar no mais sensível - o ponto de interseção, para que nenhum dos dois possa um dia pensar em voltar atrás.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Fôlego


A vida me fez sereia, assim eu escapo das dores.

Hoje eu estou sereia, Copacabana amanheceu pequena, eu preciso de mar aberto, para libertar grandes amores.

Hoje eu estou sereia, canto pra te ver preso aos meus encantos.

Hoje eu estou sereia, afinal no mar ninguém entrega os seus tesouros!

Sempre quis estar no mar durante uma tempestade sem medo.

Mais que sereia eu sou poeta e me imagino tua.

Poetas são transgressores por natureza, possuem a natureza da palavra.

E lá vou eu com a natureza de novo, qual a essência, eis a questão - existe essência então?

Ouço os pássaros, minha cantiga matinal, abençoado seja este meu lar!

Meu país é outubro, Pasárgada de primavera eterna.

Um dia os homens poderão voar e não terão super-heróis. Um dia todos farão terapia e tomarão posse de suas próprias histórias e nem precisarão torturar seus filhos.

Um dia a minha boca selará a tua e esta febre será nossa.

Um dia eu estarei face a face!


* Frases postadas no facebook.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Resposta







Algo aconteceu comigo. 














Algo impreciso, um desatino. Eu me dei conta de que o mar dentro de mim, ferve. 












Desesperada, emocionada, caminho a passos largos desejando ser mais eu e mais viva e mais bonita. Meu corpo estremece de prazer e de alegria. 












Estou apavorada! e rindo à toa, boba, boba... vai saber o que mudou, mas mudou tudo. De uma hora para outra eu sou mais eu e você não é mais inatingível, o poeta maior da minha vida, aquele que alcançou minha alma catarina, aquele pedaço de mim que ninguém sente e só eu vejo. 












São sonetos de amor que eu leio agora? Não me dei conta e ainda não acredito. Parece que me encontro em outra órbita, pronta para o encontro com o absurdo.












Minhas estrelas estão soltas na cabeça, e eu sonho desejos e poemas, versos que te encantem o coração e o corpo e te tragam para mim nesta nossa prosa de poetas. 












Porque você não me disse com todas as letras? Talvez eu tivesse escapado por entre seus dedos (duvido muito), eu sou tão doida, como saber que era eu? Sem chance, quando vc resolveu dizer? Se é que disse mesmo (eu ainda não sei, não, tô insegura!). Eu ando muito mais pro ascendente hoje em dia, rsrsrs... uma aquariana no mundo da lua! 












Por isso eu preciso tudo sim, sim ou não, não. Bem as claras pro tico e teco se entenderem, para que haja harmonia no templo, sem enganos. 












A tua liberdade me enternece e invade todas as minhas defesas. E eu me pergunto, pra que servem mesmo as defesas? Temerária, nem me lembro delas.









Só te quero, para além dos versos, poemas, prosas, da única forma que conheço: vorazmente.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Outubro

Amanhã é o dia do meu aniversário.


Comigo, faria aniversário Dina Sfat, símbolo de uma geração, com quem eu muito me identifico: em prosa e verso e beleza feminina.

Eu vejo em Dina Kutner de Souza o sol. Eu vejo em mim, o sol: através da minha pele, da luz do meu olhar, do desejo de viver, que ainda é muito maior que o desejo que por vezes me assola de desistir.

E, em todos os momentos, em que vi Dina num palco, desfeita em fragilidades, que eram a sua forma de reunir forças e se mostrar inteira, eu me via, em suas muitas faces, naquelas muitas mulheres que emergiam com a força de sua interpretação.

Ela preenchia todos os espaços, pouca gente devia suportar contracenar com ela, devia ser difícil mesmo lidar com a intensidade das suas emoções, das personas que se apoderavam dela.

Uma mulher franca e que expressava claramente seus desejos ou medos, algo de Clarice Lispector, muito de Cacilda Becker e, bem no meio deste universo, eu mesma, brilho neste palco de maneira diferente, mas sempre de alguma forma afirmando que sou.

Hoje, depois de tão longo aprendizado, eu sou. E muito do que sou aprendi com estas mulheres poderosas, que se forjaram no aço, de dentro para fora, no oito ou oitenta, para que agora mais serena possa viver o prazer de ter sobrevivido e a alegria das muitas cores que pintei pelo caminho.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Estrelas




QUANDO SINTO UMA TERRÍVEL NECESSIDADE DE VIVER, SAIO À NOITE PARA PINTAR AS ESTRELAS. (Vincent Van Gogh)

Quando li esta frase e vi esta imagem no blog: http://fadasuave.blogspot.com/, não resisti - precisava escrever e refletir sobre o que faço quando sinto uma "terrível necessidade de viver".

Primeiro deve-se notar a intensidade, não se trata apenas de uma necessidade, mas de uma terrível necessidade. E talvez este impulso venha da nossa vontade de não desistir, de nós mesmos. Parece que Vincent era muitíssimo intenso em sua necessidade de viver, de estabelecer vínculos através de sua arte personalíssima.

Eu já não sei se usaria a palavra "terrível", acho que falaria de gana, de tesão de viver.

Eu diria algo assim: Quando sinto este tesão de viver, acordo nas madrugadas para pintar versos.

Pois é pintar versos, edificar poemas, aquarelar sentimentos. Em breves traços, um retrato, uma paisagem, um desejo.

Dizem que os impressionistas captavam momentos em suas telas, instantâneos congelados pela eternidade aos nossos olhos que, nem sempre veem a intensão do artista, mas que acrescentam uma visão particular à cena retratada.

Também assim é o poema, assim a poesia, um tempo, entre o silêncio e a palavra, entre a intenção e o verso.

Mas quando será que sinto esta necessidade de viver? Eu digo, todos os dias. Posso estar cansada e um tanto absorvida por um cotidiano por vezes medíocre, como neste exato momento, e me viro, entro em meu blog e escrevo.

Escrevo pela necessidade de sair do comum, de acrescentar uma estrela ao céu que se põe frente aos meus olhos. Acrescentar uma estrela em teus olhos e poder voltar para casa em paz!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Diálogo imaginário

- Esquece teus outros amores... neste longo dia duas luas estarão no céu, eu e você. Somos dois poetas, dois atores - irremediavelmente amantes. E amante é aquele que ama e que porque ama acorda e ri prá vida, se espreguiça e tem em seus olhos estrelas brilhantes que não se apagam. Esquece por este dia apenas a tristeza, a melancolia e a distância. Você pode fazer isto?

- (...)

_ Eh, isso mesmo meu amor... imagina meu sorriso frente a frente com o teu, imagina meus olhos nos teus, imagina meu corpo em tuas mãos experientes e amorosas. Experimenta criar todo um filme, uma fantasia louca, não será tortura pouca ou melodia simples! Será teu vento, ventania, tufão em meio ao meu mar, trazendo altas ondas e fortes tempestades.

- (...)

- Ah, esse teu delírio me acompanha, me assanha, me movimenta. Você vai tão longe, por isso nos encontramos em palavras e versos, em nossa loucura e desmaio. Somos, hoje, muitos poemas sem rima ou métrica só um diálogo anguloso cheio deste prazer em estarmos tão perto nesta longa noite, duas luas postas no céu mudando o mundo!

- (...)

- Sim, eu descansarei em teu peito e dormiremos entre nuvens, o céu azul-marinho da noite nos acolhe e nos cobre. Tudo mudou, lá na terra brota uma semente orvalhada, ela crescerá se transformando em árvore frondosa cheia de lindas flores e gostosos frutos que alimentarão os famintos de amor e luz. Tudo será luz! Sol e céu azul e noites de descanso e conforto para todos, principalmente para os anjos.

domingo, 29 de maio de 2011

Domingo


Os domingos santos do Senhor entram pela minha casa, serenos, me despertam cheios de amor e de alegria. A caneca de café fumega enquanto abro as cortinas e as janelas para que o dia entre triunfante e invada, com suas sensações, toda a minha casa.
- Shalom, eu digo, que a Paz de Cristo esteja com todos!
O domingo foi se tornando um dia especial para mim, a medida que fui aprendendo com a minha fé, que fui conhecendo o que me ia sendo revelado por Deus sobre ele mesmo, através da leitura cada vez mais cuidadosa e zelosa da Bíblia, dos cursos na igreja e das prosas gostosas com minhas mentoras.
É, em sua grande maioria mulheres. Mulheres que sustentam emocionalmente suas famílias, que trabalham, que sofrem e que pela fé vivem tudo com grande otimismo e tiram forças do exemplo de Cristo para vencer toda e qualquer série de dificuldades – mulheres surpreendentes e maravilhosas, as primeiras pessoas a tentarem me fazer viver sem culpa (inclusive meus domingos!).
Estou neste exato momento apenas com um pé dentro da minha igreja.
É uma fase, vivo um crescimento, uma mudança interna, hoje, neste exato domingo me dei conta disto. Então, estou tranquila.
Uma transformação se processa (ou vem se processando), muito lentamente, mas segura e firme, apropriada as coisas do espírito.
Confiante em Deus eu sigo porque sei que ele, o Senhor, nunca abandona o trabalho que começa em nós.
Um bom domingo!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O encontro


Nunca percebi a existência como um "acaso".
Para mim sempre há um propósito. E o propósito pode ser um "encontro", com aquilo que existe de mais humano em nós.
Fui descobrindo pelo caminho que nossa humanidade é divina, ou seja, como somos imagem e semelhança de Deus, e assim eu acredito, somos mais humanos a medida que nos aproximamos mais dele.
Notem que eu não falo aqui de "perfeição". Falo de certas características herdadas como: a linguagem, a capacidade de criação e a liberdade.
A linguagem que nos permite a relação, a comunicação, a transmissão de uma ideia para o outro. A liberdade de fazermos nossas escolhas e de nos responsabilizarmos por elas. E, finalmente, a capacidade de gerar, criar coisas a partir de um pensamento, de uma ideia da coisa e não dela mesma.
Talvez, por isso, os dois principais mandamentos sejam exatamente amar a Deus e amar ao próximo, não se trata apenas de um simples encontro, mas de um "encontro afetivo" entre os seres. Ora quanto mais humanos somos, mais qualitativo pode ser este encontro e, só conseguimos abarcar toda esta humanidade quando muito próximos do divino, quando reconciliados com Deus. Viagem? Deixo para quem quiser pensar junto comigo... afinal, são raros estes momentos meus que chamo de "estado de graça", este por certo é um deles. Apenas o começo de um pensamento, o princípio do fio da meada. Muitos outros vêm e vão e eu espero este seja acolhido com carinho por quem o ler para que haja, de fato, um verdadeiro encontro entre nós!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Desagravo


Ela se foi.
E me impressionou o fato de, no dia seguinte, todos estarem tão felizes.
Eu sei que parecemos arrogantes por acreditarmos na verdade e, principalmente, por dizermos a verdade. Um incômodo, uma chatice. Damos a impressão de estarmos sempre apontando o dedo para as falhas alheias como se fôssemos perfeitinhas. Não é assim. Apenas não nos conformamos.
Mas a felicidade deles durou tão pouco!
Logo tiveram que encontrar alguma outra preocupação, outro desconforto. Para ter a quem culpar, para livrar a cara de alguém por quem há algum apreço (se é que isto existe aqui).
Digo afeição verdadeira, laços reais de amizade e não mera aparência.
Entretanto, isto é trabalho e nada mais. É selva e nada mais.
Tudo uma questão de sobrevivência e acordos.
Como viver com princípios? Creio que somente a proximidade com Deus nos pode dar a resposta do como. Tudo passa, mas a palavra do Senhor permanece para sempre protegendo nossos corações de um colapso.
Vou navegando, este eu, este nós, estas tão delicadas nozes.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Explicando a campanha


Durante anos o Arquivo Nacional ficou "prisioneiro", do Ministério da Justiça. Estava subordinado a ele no organograma da burocracia estatal. Isso significou anos de retrocesso na política de abertura dos documentos do Arquivo à sociedade civil e de políticas públicas de acesso a informação, e com o Arquivo Nacional se submeteram os Arquivos estaduais e municipais. Há 9 anos sua subordinação muda passando para a Casa Civil e, com isso, acontece uma verdadeira revolução, que pode ser bem observada nas modernas instalações hoje ocupadas pelo Arquivo, pela importância que ele assume diante da sociedade na elaboração de políticas públicas de acesso e preservação da informação, e muito mais. Hoje, todo este avanço está ameaçado pelo retrocesso, o Ministro - Chefe da Casa Civil da Presidência da República deseja fazer retornar o Arquivo Nacional para a estrutura do Ministério da Justiça.
Assim, as comunidades vinculadas à informação, cultura, pesquisa e cidadania, entre outras, se engajaram na campanha PELA MANUTENÇÃO DO ARQUIVO NACIONAL NA CASA CIVIL, para que tenhamos a oportunidade de, através do acesso à informação, conhecermos cada vez mais a história deste país.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011