sábado, 24 de novembro de 2012

Vênus

Abro a porta do apartamento, estava exausto.
Meus olhos cansados se acostumam rapidamente à penumbra da sala.
Paro a porta para inspirar, sentir o perfume da casa. Minha casa, nossa casa. Fecho a porta atrás de mim devagar, em respeito ao silêncio e a paz reinantes.
Logo as vi, as minhas gatas, esparramadas no sofá. Deixo a pasta e o paletó na cadeira e me sento na poltrona, por instantes, para observar a cena, toda aquela preguiça, tão lindas... a gata, logo levanta as orelhas como que para se certificar de que era eu mesmo que havia chegado, a velha Nana. A outra, minha gata gostosa, nem se moveu. Dormia profundamente no sofá, por certo, cansou de me esperar, vestia apenas as meias e as ligas, tão sexy...
Sem pressa fui deixando as roupas pelo caminho, tomei um banho e voltei renovado para o sofá, na cabeça e no corpo a imagem e a sensação das peles, das bocas, da umidade, do calor, dos prazeres, dos desejos, do sabor de vênus.

domingo, 4 de novembro de 2012

Demência

Um calafrio repentino me fez ficar atento, alerta.
Pressenti que alguém estava por chegar... por Deus, aquilo parecia cena típica de um filme de terror.
Uma campana, naquela picada aberta, fora da estrada observando a casa, que parecia ter sido abandonada há muitos anos. Meu coração começou a acelerar, um carro vinha devagar pela estrada deserta.
 - Será que vai parar, finalmente?
Parou. Nisso meu coração quase saiu pela boca!
Ele saiu do carro e repetiu cada detalhe do que sempre fazia sem desconfiar de que estava sendo observado. Depois de algumas horas, pegou o carro e voou pela estrada, como de costume. Acendi um cigarro e fumei calmamente para afastar a ansiedade e para me certificar de que ele não voltaria.
Então, fui até a casa. O homem havia limpado todo o samgue, mas lá estava ela disposta em cima da mesa, cortada em pequenos pedaços cirúrgicos. Respirei fundo, que perfeição de detalhes, uma pintura cubista!Tirei várias fotos e fui embora, tendo o cuidado de eliminar qualquer vestígio da minha presença naquele lugar, qualquer dia, ia montar uma exposição com todas as obras daquele artista, por ora, sua obra ficaria exposta somente para mim, para o meu prazer pessoal e para mais ninguém.

domingo, 16 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

Luto


O sol se põe em São Paulo. 

                                                                                                                   
Os sinos da igreja soam ao longe, 

anunciam o fim desse dia. 

São como trombetas nos lembrando

que 

somos mortais, que a carne em que 

habitamos em algum momento apodrece

 e 

vira pó: retorna a terra.

O que resta? Uma (teo)ria, um conjunto de sonhos e 

memórias e a história de uma vida curta que aos poucos 

desperta e se percebe morta ou nova criatura. De qualquer 

forma, suponho que isso não seja surpresa para àqueles que 

despertam.

A grande questão é para quem fica e perde e parece, este 

sim, viver sempre num pesadelo incompreensível.

Já perdi todos os meus grandes amores: meu pai e minha 

]mãe e agora, minhas irmãs. Primeiro Marina (ou Neném) e 

agora a Glória (ou Gogóia ou Gó ou só Dinda), minha 

segunda mãe. Ô Gó, ainda vou chorar muito a sua ausência.

 Hoje somos três mulheres, cada uma significa um caminho, 

uma estrada, entretanto, por amor, fazemos nossos 

caminhos se cruzarem e por aí seguimos, fazendo nossa 

pequena família crescer nos amigos que acumulamos e 

adotamos (e que nos adotam) pela vida afora.

Metamorfose

Lentamente as asas se descolam do corpo e parecem criar 

uma vida independente. 


Fecho os olhos. Já não sinto mais meu peso: sou como uma


pena a flutuar no ar, mesmo que ainda um tanto 


desajeitada. Sinto todos os cheiros, todos os climas, todas as 


correntes de ar. 


Respiro bem devagar e aprumo meu corpo e sobre a pele 


sinto nascer um desenho interno. Quem eu sou agora? Não 


importa quando toda a mudança se processar eu saberei, eu


serei alguém completamente novo neste mundo e o 


encontro com outros como eu será irremediável.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Passos no tempo

Caminhar, rumo ao infinito, a um ponto no horizonte,     sem medo.
A natureza de um lado, absolutamente sob o controle de Deus, sem qualquer interferência humana. 
Do outro, a urbanidade. A criação do homem, sua cidade, suas ruas, calçadas. 
Uma caminhada solitária, entretanto, não podemos negar nossa natureza gregária. A linguagem, a criação, a cultura, a arte, a educação, a afetividade, a história, estabelecem a necessidade de relações, de vida em comum. 
De qualquer forma, as experiências serão sempre pessoais e intransferíveis. Temos sempre que sustentar um  discurso muito bem fundamentado, atualizado e dialético se quisermos repassar para outros nossas experiências e, mesmo assim, isso não é certeza de impedir qualquer pessoa de cometer as nossas mesmas tolices ou outras diferentes. 
Talvez tenhamos que ser amorosos e pacientes até para permitir que outros cometam erros e possam aprender, de fato, com eles. É claro que tudo isso não é tão linear, sempre haverá argumentos e contra-argumentos, raciocínio e paixões, e em alguns casos, se pode tocar corações. Mas tudo isso é uma loteria, como o amor. 
O amor - este sentimento crucial para o universo, esse sentimento universal e tão particular. Há de fato várias formas de amar? Ou a gente simplismente ama? Engraçado sempre acreditei que primitivamente as pessoas sempre amaram, de forma aberta e desinteressada, a civilidade nos fez possessivos e calculistas, perdemos a expontâneidade. Hoje somos extremamente solitários, não sabemos reunir pessoas a nossa volta, não sabemos formar famílias afetivas. Gostamos do jogo do poder, de submeter os outros, de estar no controle da situação. Isso não é amor, isso não é amar.
Construir o "ser", esta afirmação, é uma luta diária e implacável. Exige leveza e disciplina, exige flexibilidade e força, exige inconformidade e amor. Não é fácil ser em meio a este mundo doente, nossa diferença está na procura desesperada pela bondade, pelo amor, pela saúde, pela verdade, pela cura, pela salvação. Nossa diferença é que temos esperança e que esta esperança, em nós, gera AÇÃO. Gera oração, gera religação com o divino e com o mais que humano em nós. Gera RECRIAÇÃO, poema, arte, versatilidade, solidariedade, compaixão.
E todos estes sentimentos movem o mundo em outra direção, nos dão asas, nos fazem crer no impossível, nos faz dançar a beira do abismo, porque alguns são assim!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Perfume de mulher

Eu não teria reparado nela. Seria apenas mais uma entrando no meu taxi.
Era cedo, umas 18:30, ela fez sinal em Copacabana e eu parei. Olhei o céu, entardecia.
- Moço, Botafogo, naqueles cinemas...
- Estação Botafogo, eu emendei.
- Isso, ela respondeu satisfeita.
Eu não olharia para ela duas vezes, mas foi então que aquele perfume encheu o carro. Um cheiro gostoso, feminino, não, não era enjoativo, mas era de mulher.
- Não é mais Estação Botafogo, o Sr. sabia?
Ainda bem que ela puxou um papo! E, seguimos conversando e eu reparando mais nela, o porte, o sorriso aberto, os olhos verdes, o corpo, o cheiro, o fogo, o papo.
- Sabe, a Senhora é minha última passageira. Vou deixar a Senhora e sigo pra casa.
- O Senhor gosta de cinema?
Acabei no cinema e depois nós ainda fomos fazer um lanche e tomar um café gostoso no bistrô do Estação. Aquela mulher era boa de conversa, fui deixar ela em casa. Em agradecimento ela me deu uma abraço... ah, ela sabia das coisas. O cheiro dela grudou em mim. Não tive dúvida, peguei de jeito e tasquei um beijo.
Acordei na casa dela.
- Me diz uma coisa, qual é o nome do seu perfume?
- Café.

domingo, 22 de julho de 2012

Outros quandos

  • Quando tu me descreves, me relatas.
    Quando eu te descrevo, te traduzo.
  • Quando eu amo, estou inteira.
    Quando tu amas, te despedaças.
  • Quando eu mando, teimas.
    Quando ordenas, me rendo.
  • Quando te imito, te irritas.
     Quando te irritas, eu adoro.
  • Quando eu anoiteço, você me provoca.
    Quando eu amanheço, você adormece.
  • Quando eu me dispo: enluaro.
     Quando tu me despe: tatuagem
  •  Quando sorris, me arrebatas.
    Quando eu sorrio, te derretes todo.

domingo, 8 de julho de 2012

Sábado Cine

Este sete de julho foi totalmente dedicado ao cinema.
Primeiro assisti o Deus da carnificina e agora parto Para Roma com amor.
Vai ser estranho, depois de ter visto muitos dos filmes de Fellini...
Ah, me lembrei, vi há pouco tempo Comer, rezar e amar, talvez ajude, embora Woody Allen não seja tão óbvio.
Por que dizem que a Itália é romântica? Será por conta da língua ou dos hormônios latinos?
Roma subjugou muitos povos e se constituiu  em poderoso Império que, como tudo na vida, terminou, ruiu, findou decadente. De lá para cá outros Impérios, outras histórias até chegarmos ao nazi-facismo.
Tão romântica quanto a Itália é a França na primavera ou a Grécia, o que me faz lembrar da mitologia com Eros e Afrodite, adotados por Roma como Cupido e Vênus, será que tudo nasce do mito?
Mas depois eu conto, vamos voltar ao enredo do Deus da Carnificina.
Dois casais se encontram para discutir a relação problemática de seus filhos, mas ao invés de falar das crianças e falando delas, acabam interagindo e falando cada vez mais de si, gerando a revelação de cada um, enquanto ser humano e dos seus respectivos papéis sociais, todos se desnudam sem qualquer pudor, sem tirar uma peça de roupa! Vomitam a alma. O filme vai decodificando e simplificando a linguagem e cada personagem vai se expondo sem dó ou piedade. Fiquei doida para ler o texto original!
Como os grandes impérios, as pessoas secam, degeneram e causam muito estrago antes de morrer. O homem se encarrega de arrastar tudo com ele a medida que cria estruturas para isso, o seu Estado, os seus Governos, a sua burocracia, os seus planejamentos.
Enquanto Deus distribui generosamente beleza e amor e apenas diz sim a existência, nós fazemos questão de negar a vida e matarmos toda luz no mundo. Ainda bem que existem as crianças e elas sobrevivem!


domingo, 27 de maio de 2012

Acidental

Fala sério, olha só o que eu fui arrumar: cai da escada!
Tem cada coisa que acontece, de uma hora para outra, assim sem aviso prévio, uma distração e pronto - vai tudo pro brejo.
Ainda bem que eu não quebrei, mas foi uma torção grave no tornozelo esquerdo.
Um passo em falso na escada e lá fui eu pro chão do hall do prédio e não deu nem pra dar risada: doeu muito na hora. O pior, foram os porteiros ajudando a "senhora" a se levantar, sentar numa cadeira e por gelo no machucado. O legal disso tudo é poder falar sobre tudo isso aqui no meu cantinho, mas o melhor é poder rir de tudo isso agora, rsrsrsrs...
O que é claro não deu pra fazer na hora! Porque no momento tem a dor, o medo, a surpresa, o susto e a inevitável pergunta: e agora? Mas como diz minha irmã, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Amém.

domingo, 1 de abril de 2012

Quero-quero


Quero-quero fez um alvoroço na tua janela e você, solícito, foi correndo lá ver a bagunceira.
Te deixou chegar bem perto e nem se incomodou com a tua presença, queria mesmo chamar atenção!
Quando estavas bem distraído com toda aquela arruaça, veio rápida, bicou teus lábios e
fugiu a danada, voando sem parada, toda envergonhada.
Mas você voltava sempre na mesma hora pra ver se a encontrava, enquanto a quero-quero, voava razante sobre os teus cabelos.
Essas coisas do coração são estranhas mesmo, o bichinho precisa voar enquanto o homem faz somente caminhar.
De qualquer forma o chamego continuava e ardia no peito, fazer o quê então?
Sei não, o final da história, fica para outra ocasião...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Musa



Helô acordou bem cedo e com a nítida sensação de que seu tico e teco tinham viajado a um mundo paralelo.
Mas nesta manhã, suas conexões neurais haviam sido restauradas e ela pode rever, mentalmente, tudo que tinha dito pra ele na noite anterior e riu, riu muito.
Errou feio, tudo porque não entendeu o que significava, para ele, a palavra “inspiração”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A casa caiu




Da mesma forma como entreguei o ouro para ti, neste momento, venho com minhas mãos cheias de lágrimas - de raiva!

Você conseguiu fazer do amor um jogo, um poema capenga, de rima fácil e pobre, parabéns. Deu a última palavra, tirou de mim tudo que podia e agora se encontra assim, placidamente feliz.

Segue em seu ritmo, criando suas frases de efeito.

Ninguém sabe da tua crueldade... do veneno que destilas.

Pensas que arrancaste minhas asas? Eu continuo a amar todo verbo, toda a beleza que a tua maldade concebe sem perceber que pra lá de todo mal, a beleza desfaz a escuridão e ilumina
meu olhar.

Eu continuo a ver além de você, muito além das tuas artimanhas, meu coração não se prende a ti.

E um dia ele estará completamente liberto, para sentir através de ti e tu não serás mais que neblina que se esvai.

E a medida que desabafo neste meu espaço, mais livre eu me sinto e mais próxima estou deste momento.

O momento de finalmente poder dizer-te: ADEUS!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Contradições



Contradições



... mas o que eles não sabem levar em conta é que o poeta é uma criatura essencialmente dramática, isto é, contraditória, isto é, verdadeira.

E por isso, é que o bom de escrever teatro é que se pode dizer, como toda a sinceridade, as coisas mais opostas.

Sim, um autor que nunca se contradiz deve estar mentindo. (Mário Quintana)








tô na chuva

na bagunça

no batuque

o coração

se acostuma...





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por tudo eu voo,

por isso eu sonho,

portanto durmo:

dias inteiros...









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tudo em mim transpira amor

- asas pra que te quero?

elas me levam inexoravelmente pra ti



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fico procurando as tuas cartas pela casa, mas não é que, com o tempo, desapareceram todos os remetentes!



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não tenho medo de (quase) nada:

o que não vivo me exaspera!



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o amor sempre me atrapalha:

meto os pés pelas mãos, visto as calças pela cabeça e outras pirações populares!









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espero o sol:

apenas o sol tem o poder de me fazer esquecer!



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minhas asas me levaram a uma grande altitude: as lágrimas congelaram.



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o tempo passa

eu enfio o pé na jaca

asas no carnaval

Borboletas



No casulo do poema, meu corpo se entrega...


Tenho tatuadas no meu corpo pequenas borboletas coloridas. Elas voam nos teus sonhos.


Minha alma, que toda noite alça longos voos, possui amigos inimagináveis.



Voo sedenta.
Que boca, que língua, que pele, a mim pode oferecer umidade e frescor?


Sou parceira da tempestade, adoro a ventania! Quando chego faço um estrago nos corações incautos.


Que bom sair do ninho dos teus braços! Minhas asas me libertaram deste entorpecente...


no carnaval
os amores
não usam
máscaras!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Carta de um amigo


Cynthia,obrigado pelo envio das imagens do nosso Rio antigo.



Dele sou dono de poucas coisas materiais, um ralo,talvez.Quem sabe de um meio-fio,pedaço de uma grade que hoje cercam as praças, de uma pedra portuguesa que se deslocou do piso,de uma tampa antiga de calçada e fragmentos de borracha que os veículos soltam nas suas freiadas.Coisas poucas.



No entanto, de muitas imateriliadades eu tenho certeza possuir e começo pelo sol generoso,as noites de luas, qualquer delas, o vento mormo das tardes quentes de verão,essas montanhas, florestas,praias longas sem fim do leme ao pontal e por ai vão,banhando corpos que são todos meus, nas minhas fantasias, sendo mulher: é minha!



Afinal, eu sou pobre, mas não sou burro!



E de tantas outras coisas que eu queria Cynthia, materias que não tenho, nem me importo,desde que não me subtraiam o Cristo Redentor, Pão de açucar, enfim...



Mas bate em mim uma vagotonia,coisas dos antigos, hoje reformatada para angustia,depressão e o que se sabe mais, quando penso na minha incompletude de sentimentos e grandes prazeres, como os de nunca ter sentido o aroma no ar da sua passagem,da compassada batida inaudível do seu coração por nossas ruas e praças, de um sorriso seu perdido em algum lugar, nem sei onde, mas sei que poderia tê-lo achado.



Não achei!



E nestes ares do Rio de Janeiro que não consegui respirar, ai sim o passado me cobra uma fatura com juros extorsivos.



Vou então para a beira do mar, sentir o cheiro de maresia,única maneira que encontro de respirar você.



É como se dizia: O importante é que a nossa emoção sobreviva!



Abração carioca.



PS .Estou lhe mandando a música para que você saiba que esta emoção já não foi cantada.

http://www.youtube.com/watch?v=ri8R8_IiICg&featurehttp://www.youtube.com/watch?v=x0bwaaCzjOU=related


Nota: Quem me escreve este delicioso email é Paulo Tamburro, meu querido amigo virtual e carioca, que manda muito bem no blog: http://paulotamburro.blogspot.com/.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Asas














Voltei a ter asas. A intenção é voar, voar, por sobre as águas calmas do mar, ser uma com os ventos.

Quando voo, as asas cantam...

Pairei sobre as palavras: umas machucam outras fazem cócegas e há ainda aquelas que me tiram o ar!

- Eu falo demais, eu sei...

mas se eu não falo, como saber o que sinto? como entender o que sonho?

Longas distâncias percorri; o tempo e o espaço se uniram por mim, sou uma louca inspiração!

O poema surge desta minha necessidade febril de viver.

O poema surge desta minha necessidade apaixonada de tocar o outro.

O poema surge do desejo de ser.

Os arranha-céus, nem chegam perto do céu. Apenas atrapalham um tanto o nosso voo.

As aves se espantam com a minha liberdade.

Eu confesso: dou asas as minhas fantasias todas!

Minhas asas? Não as peguei emprestadas de ninguém. Elas foram sendo tatuadas em meu corpo como um presente, depois de tão longa caminhada.

Nesta noite, meu anjo, teu sopro divino fez brotar, em meus olhos, toda a água da vida.


*Imagem: pintura de Fidel Garcia.