sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

JARDIM DO ÉDEM






Fiquei assim parada na frente da tela enorme e florida que parecia me engolir pra uma realidade paralela, só depois de alguns minutos fui olhar o título e ops! Olhem só o nome da obra: While my eyes go looking for flying saucers in the sky...
E, eu não acreditei. Imediatamente, o som suave de London, London invadiu a minha cabeça e se ocupou dela: Oh Sunday, Monday, Autumn pass by me / And people hurry on so peacefully / A group approaches a policeman / He seems so pleased to please them / But my eyes go looking for flying saucers in the sky / Yes, my eyes go looking for flying saucers in the sky / While my eyes go looking for flying saucers in the sky / Oh, my eyes go looking for flying saucers in the sky.
Foi como voltar no tempo, dos tempos em que eu despontava pra vida. Um tempo em que eu podia olhar pro céu e me perguntar se veria objetos voadores não identificados. Tempo em que as preocupações, com a dura realidade, ainda pertenciam a minha mãe desesperada que trabalhava como uma louca, para que eu frequentasse o melhor colégio – e eu nem ligava. Se ela soubesse que naquela época eu só queria desaparecer, sumir dali.
Nossa, pra onde aquele quadro tinha me levado afinal? Para uma Londres que eu nunca conheci, para um exílio que eu vivi no meu país? Para um tempo de medo e resistência, para um tempo de amor infantil e pueril, para a minha época mais estranha e solitária?
Mas sabe, não era para ser tão triste. Entretanto, foi e hoje é muito melhor.
Hoje eu estou aqui e meus olhos não procuram por ninguém que me livre da realidade e já não sou melancólica. Hoje eu vivo certeira, na certeza de eu sou linda nesses meus muitos anos de construção, nesses tantos anos de estrada, nessa minha aguerrida vontade de não desistir de mim.
Foi bom parar por uns minutos e perceber o momento por trás daquele tempo congelado ali, diante daquela tela florida e tal.
Foi bom ver borbulhar tanta inquietação que me fez escrever, porque de alguma forma o que eu escrevo me direciona para um propósito e, eu sei para onde devo crescer.

- A tela em questão é de Patrizia D’Angello, com a Exposição Jardim do Édem na Galeria do Lago no Museu da República – Rua do Catete, 183 e que me suscitou inúmeras sensações e reflexões, juntamente com o título que ela deu a obra, como se pode observar.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Esperança

"Quero ver você não chorar 
não olhar pra trás
nem se arrepender do que faz.
Quero ver o amor vencer
você resistir e sorrir."

Acredito que todos conheçam este famoso jingle de Natal, ou pelo menos todos aqueles da mesma faixa etária que eu. Tocava na propaganda do antigo Banco Nacional lá pelos idos de 1985 e, agora, já faz parte do nosso cancioneiro natalino. 

Com essa introdução pretendo remeter o leitor a algo familiar para poder falar de um fato que presenciei ontem: lá estava eu em meio às compras de fim de ano, nesse calor de quase 50º do Rio de Janeiro, quando resolvi comprar uma água. Parei em uma lanchonete qualquer de esquina, que eu já havia avistado ao longe, como quem no deserto, antevê um pequeno oásis. 

E, assim que entrei, dei de cara com uma cena super fofa: estavam sentados um pai e sua filha nas cadeiras do balcão da lanchonete a minha frente, com seus sucos e cantavam o tal jingle na maior animação. 

Imediatamente eu esqueci o calor, a ansiedade, as dores no corpo, o cansaço e botei o maior sorrisão na minha cara.

E eles continuavam a cantar na maior alegria, sem prestar a mínima atenção no efeito que causavam nas pessoas a sua volta: uma contagiante sensação de bem estar e alegria e até, esperança. 

É, pois é, esperança, repetida no refrão: que o Natal existe, que ninguém é triste, que no mundo há sempre amor... Bom Natal, um Feliz Natal,  muito Amor e Paz pra você, pra você...

É ingênuo? É sim, mas pai e filha, ali, naquela felicidade, cantando também o era!

Então o que espero é que cada um de vocês, retenha essa imagem, e a levem consigo para suas casas e para esse Novo Ano do Sol que daqui a pouco se inicia.

E que como eu possam viver essa esperança a partir da simplicidade deste momento único.

Que todos possam viver momentos únicos neste Natal e neste Ano Novo.

A letra na íntegra: 
O NATAL EXISTE
Quero ver,
Você não chorar,
Não olhar pra trás,
Nem se arrepender, do que faz,
Quero ver o amor vencer,
Mas se a dor nascer
Você resistir e sorrir...
Se você pode ser assim,
Tão enorme assim, eu vou crer...
Que o Natal existe,
Que ninguém é triste,
Que no mundo há sempre amor,
Bom Natal, um feliz Natal,
Muito amor e paz pra você, pra você (pra você).



sexta-feira, 6 de setembro de 2019

IN DIG NA ÇÃO


Na foto abaixo o famoso dia da queima de livros na Alemanha nazista, estamos quase chegando lá!












Nesta foto ao lado funcionários da prefeitura do Rio de Janeiro na Bienal do Livro procuram material "IMPRÓPRIO" - 06/09/2019






Meu repúdio e minha indignação é pouco diante de tal absurdo que estamos vivendo hoje. 
É estarrecedor que seja dado "poder" a essas pessoas ignorantes, para que elas possam "decidir e escolher" por nós. 
O que eu vou ler, apenas eu tenho o DIREITO DE ESCOLHER. 
Nascemos todos as "imagem e semelhança de Deus" e, por isso mesmo, com DIREITO DE DECIDIR o que é ou não é melhor para nós e para nossos filhos. Não é o Estado, que se mostra um fracasso em todos os sentidos, que vai decidir isso por nós!
Muito menos o um prefeito omisso e desqualificado. 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

O Ódio


Ódio, é o nome de uma música da banda de rock Luxúria, que eu adoro, mas que infelizmente já terminou, quem não conhece vale procurar os vídeos, são ótimos. E quem conheceu, claro vai saber exatamente do que estou falando. Exato, daquele trecho do refrão que repete: o meu ódio é o veneno que eu tomo querendo que o outro morra!

Quando a gente escuta a música pela primeira vez, nossa, essa letra é uma porrada surda bem no meio do nosso queixo. Não há quem escute isso e fique indiferente. Essa frase fica cutucando você.

Pelo menos a mim, ah, ela me alfineta o corpo e a alma.

Porque sabem, é verdade: alimentar o ódio é o mesmo que tomar um veneno mortal e intoxicar o nosso corpo pouco a pouco ou às vezes, muito rapidamente. É matar a si mesmo na esperança de que o outro, o objeto de nosso ódio, morra.

Mas a não ser que o façamos de verdade, isto é, que o assassinemos, todo o ódio e o rancor que alimentamos apenas se volta para o nosso próprio corpo nos matando lentamente, nos curvando sob o peso do monstro que pintamos.

Todo o ódio que foi disseminado no período eleitoral e que continua até os nossos dias, está deixando esta nossa sociedade doente.

Minha esperança é que todo esforço empregado por grande parte da sociedade para desmascarar  todo esse retrocesso, prevaleça.

É muito triste ver pessoas cultivarem ódios e rancores, passando pela vida amargas principalmente porque isso gera complicações físicas. Sim, não é à toa que a frase nos diz que "nós ingerimos veneno", pois é, esse veneno gera consequências em nosso corpo: ele nos intoxica, nos fragiliza e interrompe o livre fluxo de energias, em algum ponto ele cria um nódulo feio, talvez mesmo um câncer que irá nos corroer por dentro.

E o estranho de tudo isso é que acreditamos mesmo que com nosso ódio e nossos impropérios, estamos atingindo "o outro", quando estamos atingindo somente a nós mesmos.

Ninguém aqui está dizendo que perdoar é fácil. O processo de cura, por vezes é longo e sofrido, mas é sempre o mais necessário.

A cura do ódio, dos ressentimentos, dos rancores, não é simples. É um processo difícil, mas existem pessoas e existe Deus pra nos ajudar, seja qual for o Deus que esteja com você.

Exige muito, mas muito amor por você mesmo. Exige um desejo profundo de nunca desistir da gente mesmo e exige sonhar, ter um sonho. Exige entender que todas as pessoas são falhas e de que todas as pessoas podem ser incríveis.

E um profundo conhecimento de nossas próprias qualidades, funcionamento e defeitos e do contexto de nossas vidas.

O mundo humano não é justo.  Ao contrário, é marcado por uma história de violência e preconceitos, mas só quem pode mudar essa realidade, pasmem, é o mesmo ser humano.

Então há que se ter paciência e saber que ninguém está sozinho. No fim de tudo sempre há alguém para te estender a mão e te amar exatamente como você é (pelo menos essa é a minha esperança!).

terça-feira, 11 de junho de 2019

Caminhando sobre o céu...

Tenho uma amiga maravilhosa que me diz sempre: Cynthia, as portas do céu estão sempre abertas para nós. Entre por elas e caminhe querida, com um louvor em seus lábios.

Eu tento permanecer com esta imagem em minha mente. Ela é tão incrível. Foi quando eu vi esta foto do Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, na Cordilheira dos Andes, em Potosi, na Bolívia e me vi caminhando no céu.

Ah, definitivamente através desta imagem a gente pode tomar posse do já agora, ainda não. As portas do céu estão sempre abertas a gente é que não vê o óbvio: que Deus está dentro de nós é só uma questão de deixarmos as porteiras do amor e da esperança abertas. E assim, permitir que Ele guie nossas intenções e pensamentos para levar sua obra a bom termo.

Peregrino, o caminho a gente faz ao caminhar. E caminhando a gente ensina e aprende.

Estar sempre em movimento nessa terra é preciso. Confrontar aqueles que acreditam deter em si as tradições, a moralidade, o poder e a riqueza deste mundo é preciso.

E não importa ter medo. Porque temos medo. Mas importa saber que temos a vida eterna naquele cujo amor excede todo o entendimento. Que nele sobra vida e conhecimento. Então, apesar do medo, estaremos sempre um passo a frente.

Detentores de vida e de esperança que só tem aqueles que sabem que caminhar no céu é possível e que um dia nos veremos, nos encontraremos, pelo menos a todos aqueles que ousaram.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

As cartas não mentem jamais?

Ela jogou as cartas no pano verde.
Dez cartas ao todo. Dez cartas dispostas em círculo e fechadas.
Começou a abri-las uma por uma no sentindo anti-horário e falava com aquela voz suave, agradável e feminina tentando me seduzir enquanto fazia suas revelações.
Seus dedos longos e delicados passeavam pelas cartas e pude notar seus anéis e outros badulaques tão ao gosto das mulheres daquele estilo.
Vez ou outra ela levantava os olhos para mim e me dizia: - Hum... temos aqui uma dama de copas junto de um valete de espadas... e continuava falando ora em um tom monótono, ora em um tom mais animado, como se visse algo novo nas cartas para logo em seguida assumir uma longa pausa, como que completamente entediada com a leitura.
No final, deu um longo suspiro e me disse sismada:
- Querido, se você não sair logo dessa cidade, ela vai te engolir! Faça as malas e vá embora já daqui, este é o melhor conselho que posso lhe dar porque, enquanto você permanecer aqui, meu irmão parece que nada vai te acontecer. Até eu estou fazendo as malas e deu uma sonora gargalhada.
Além de me cobrar uma fortuna pelo ridículo conselho.

Mas que merda, aquilo eu já sabia. Sabia que ficar naquele fim de mundo não ia funcionar pra mim, mas o que fazer? Pra onde ir? Sem muita instrução, sem família, sem muitos sonhos...
Ir para uma cidade grande fazer o quê? Ganhar muito dinheiro (mas nem muitas ambições eu tinha!).
Talvez fosse melhor ficar aqui mesmo, neste fim de mundo, sem muitas expectativas.

Lá fora a carne branca e mole e saborosa tostava na grelha no fogo brando, estava mesmo deliciosa. Imagina aquela vagabunda me cobrar aquela fortuna pra me dizer o que há muito, eu já sabia.
A cabeça eu enterrei no lugar de sempre e bem fundo, o restante da carne, apurada e salgada, duraria por muito tempo. O churrasco daquela cigana idiota seria apreciado por mim por um bom tempo, mas isso ela não observou nas cartas. O que eu faria saindo daquele fim de mundo? Onde eu teria meus prazeres tão peculiares satisfeitos sem ser questionado por absolutamente ninguém?

Não, este é o lugar certo pra gente como eu, pelo menos por enquanto.


quinta-feira, 21 de março de 2019

Tudo acontece no Metrô

Estava eu, plácida, no primeiro carro do Metrô destinado exclusivamente as meninas, quando de repente e não mais que de repente, em uma de suas paradas, me entra pela porta um perfeito exemplar do gênero masculino.
Ele entra apressado, olha diretamente para mim, pois estou bem à porta, e grita sem pestanejar: MACHISTAS!
E imediatamente, apesar dele manter seu passo apressado e covarde para o próximo vagão, para manter-se a salvo da sanha de todas as moças que ali se encontravam, eu revidei: BABACA!
Afinal, ele olhou diretamente para mim.
Depois de alguns segundos do ocorrido, comecei a rir... refletindo junto com as mulheres, que perto de mim, também escutaram aquele despautério.
Porque é só pensar no significado da palavra para entender que o xingamento do tal fulano tratava-se de uma contradição absurda.
Vamos ver o significado de tal termo: Machismo é o comportamento, expresso por opiniões e atitudes de um indivíduo que recusa a igualdade de direitos e deveres entre os gêneros sexuais, favorecendo e enaltecendo o gênero masculino sobre o feminino. O machista é o indivíduo que exerce o machismo. (https://www.significados.com.br/machismo/
Portanto, é um contrassenso, nesta situação, querer nos insultar nos chamando de machistas.
Quem sabe se ele nos chamasse de feministas ou de feminazis, como alguns idiotas nos chamaram durante a campanha eleitoral.
De qualquer forma querido "descompensado" do gênero masculino, vc serviu para boas risadas hoje no Metrô, foram muitas as piadas e gargalhadas e com certeza, vc alegrou o dia de muitas mulheres que presenciaram este seu KING KONG, neste dia a dia do Metrô carioca.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

BOM DIA

Hoje o dia começou esquisito.
Uma correria pra sair de casa, nem sei bem porquê, mas nada saiu como planejado e acabei me atrasando muito.
Já na rua, uma pomba fez um estrago na minha camisa branca! Uma enorme cagada. Tive que passar na farmácia comprar álcool e lencinhos para tentar melhorar a aparência daquela coisa e evitar a mancha. Entrei no metrô Arco Verde esbaforida e, pra quem conhece, corri pra chegar na plataforma e pegar o trem. Quando chego na plataforma, gente pra todo lado, a plataforma lotada e o trem nada de chegar.
Fiz o percurso todo de novo cheia de razão interpelei a funcionária: Querida, vocês deveriam avisar quando o metrô tem problemas, quero meu bilhete de volta!
E ela me responde, ah, moça tem um cartaz ali e quanto ao dinheiro, a senhora tem que falar com o encarregado.
Cartaz? Que cartaz? Quem vê cartaz minha filha?
Pra minha desgraça tinha uma mocinha lendo o tal cartaz, pra minha sorte uns vinte entrando como eu, sem ler coisa alguma, totalmente apressados.
Nisso, a rapaziada que subiu comigo, começou a se aglomerar.
Resultado, recebi meu bilhete de volta e fui buscar uma outra alternativa de condução.

Como o ônibus tava demorando uma eternidade e o trânsito não tava nada bom, peguei um táxi que foi pela praia e, chegou sem muitos incidentes no Parque da República pela entrada da Praia do Flamengo.
Ainda bem, pois quando eu entrei no Parque, senti um cheiro de infância delicioso.
O mesmo cheirinho gostoso que eu sentia, quando morava em Teresópolis, enquanto criança. O cheiro da chuva, da grama, das árvores, da terra...

Essa lembrança afetiva me apaziguou e clareou todo o meu dia, foi o suficiente para esquecer todo estresse e começar tudo outra vez. Um bom dia para todos nós.