quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

AQUILO QUE AINDA NEM TEM NOME

Hoje eu fui lembrada desta imagem magnífica e aterrorizante, de 1989.
Mais de 40 anos se passaram e hoje, da China, temos o Covid-19.
Provavelmente esse menino, esse estudante, deve estar morto, ele e o operador do tanque que se recusou a passar por cima do rapaz!
Uma história de luta por liberdade que emocionou tanto a todos nós. Todos esses regimes ditatoriais têm memória curta e seletiva, debaixo da bota de seus generais, estão a liberdade de reflexão e de escolhas.
Triste mundo este em que vivemos que necessita de monstros de direita ou de esquerda, que no fundo são apenas isso: monstros... cujo único objetivo são seus prazeres imediatos e violentos, nada mais.
Esse jovem pelo contrário é o humano, a imagem de Deus em nós, é a escolha e a liberdade, é o nosso próximo. Por isso nos identificamos imediatamente com ele.
Por isso nós o amamos imediatamente. Porque ele reflete o que há de melhor em cada um de nós. Choramos por ele, torcemos por ele e morremos com ele.
E com ele estamos diante daquele tanque, junto àquele que dirige o tanque que humano, não mata o rapaz, mas se identifica com ele. Vê nele o seu próximo.
Quem, que como eu viu essa cena, não se sentiu mais humano e vivo nesse momento?
Clarice Linspector disse uma vez: Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Ela não viveu para ver essa cena, mas se ela a tivesse visto eu, pretensiosamente, acho que ela diria: é isso!

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

A DIFERENÇA

 Nada como ser bem tratada, né?

Ignorante nesses processos eletrônicos tive um problema com meu celular: claro, mexi em algo que não devia e ele simplesmente colapsou. Hoje, peguei uma carona com uma amiga (obrigada
Tania Regina Soares
!) e lá fui eu pro Botafogo Praia Shopping tentar resolver.
Chegando lá fui certeira na loja da Samsung. Mostrei meu celular para uma mocinha, pra ver se ela me ajudava, qual o quê! Nem olhou na minha cara, saiu logo dizendo que aquilo era um problema para a especializada. Pedi o endereço e agradeci. Pensei, ai Senhor lá vou eu pra Visconde de Inhaúma! Foi quando vi a loja da Claro onde comprei o aparelho. Tenho que pegar a nota fiscal, lembrei. Entrei na loja e o rapaz estava na mesa sozinho...
Perguntei se precisava pegar uma senha, ele com um sorriso disse que não e pediu que eu sentasse. Foi aí que discorri sobre o rosário dos acontecimentos que me tinham levado até ali, mostrei o celular e pedi a nota fiscal.
Foi então que com o mesmo sorrisão no rosto o rapaz virou pra mim e disse: precisa não senhora, seu celular já está ok!
Eu um tanto incrédula, peguei o celular e vi todos os meus APPs surgirem na telinha do meu celular lindo e fofo... normalzinho, como se ele não tivesse passado por qualquer revés ou alteração.
Aí eu disse a ele, se eu não tivesse de máscara te dava um beijo agora! kkkkkkkkkkkkkkk
A gente riu à beça! Isso é a diferença de atendimento, do Rodrigo, eu sei o nome e o sorriso, daquela moça eu não sei nada. Não levo nada dela comigo. Mas gostei de conhecer o Rodrigo, porque ele fez a diferença, mesmo que ele só tivesse sorrido pra mim e sido gentil, ele já teria feito a diferença, mas ele foi além. Valeu Rodrigo!

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

2020 - MEU ANO SABÁTICO

 Ano estranho este de 2020... 

Ao mesmo tempo esses fatos esquisitos vem se processando desde 2015 e, outros dirão, desde 2013, porque temem as mobilizações de massa e não compreendem as suas reivindicações. 

A esquerda se assusta com as mobilizações e acusa as massas de estarem sendo teleguiadas pela patronal. Esvazia a luta espontânea e original e não permite que novas lideranças surjam dessas mobilizações ou tentam cooptá-las usando o mesmo método da burguesia. 

Bem de qualquer forma não é minha intenção fazer um balanço, mas sim, simplesmente contar uma história sobre este ano de 2020. 

Este ano coroado por uma pandemia e pelo escárnio das autoridades constituídas, para mim, foi como tirar um ano sabático!

A parte de toda a problemática emocional desses tempos conturbados, eu parei os meus 27 anos de terapia e, me dediquei ao meu processo de "individuação em Deus". 

Neste meu ano sabático eu me dediquei a crescer na Palavra e a crescer enquanto pessoa em Cristo Jesus e esta foi a melhor coisa, a minha melhor decisão. 

Por maior que sejam as contradições, o ano de 2020, com todas as pressões emocionais, só me fez crescer: emocional e espiritualmente. 

Então, nesse momento eu nunca me cuidei tanto quanto agora e jamais tive um ano tão produtivo. Graças ao meu Deus e Pai, Aba Pai!



sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

JARDIM DO ÉDEM






Fiquei assim parada na frente da tela enorme e florida que parecia me engolir pra uma realidade paralela, só depois de alguns minutos fui olhar o título e ops! Olhem só o nome da obra: While my eyes go looking for flying saucers in the sky...
E, eu não acreditei. Imediatamente, o som suave de London, London invadiu a minha cabeça e se ocupou dela: Oh Sunday, Monday, Autumn pass by me / And people hurry on so peacefully / A group approaches a policeman / He seems so pleased to please them / But my eyes go looking for flying saucers in the sky / Yes, my eyes go looking for flying saucers in the sky / While my eyes go looking for flying saucers in the sky / Oh, my eyes go looking for flying saucers in the sky.
Foi como voltar no tempo, dos tempos em que eu despontava pra vida. Um tempo em que eu podia olhar pro céu e me perguntar se veria objetos voadores não identificados. Tempo em que as preocupações, com a dura realidade, ainda pertenciam a minha mãe desesperada que trabalhava como uma louca, para que eu frequentasse o melhor colégio – e eu nem ligava. Se ela soubesse que naquela época eu só queria desaparecer, sumir dali.
Nossa, pra onde aquele quadro tinha me levado afinal? Para uma Londres que eu nunca conheci, para um exílio que eu vivi no meu país? Para um tempo de medo e resistência, para um tempo de amor infantil e pueril, para a minha época mais estranha e solitária?
Mas sabe, não era para ser tão triste. Entretanto, foi e hoje é muito melhor.
Hoje eu estou aqui e meus olhos não procuram por ninguém que me livre da realidade e já não sou melancólica. Hoje eu vivo certeira, na certeza de eu sou linda nesses meus muitos anos de construção, nesses tantos anos de estrada, nessa minha aguerrida vontade de não desistir de mim.
Foi bom parar por uns minutos e perceber o momento por trás daquele tempo congelado ali, diante daquela tela florida e tal.
Foi bom ver borbulhar tanta inquietação que me fez escrever, porque de alguma forma o que eu escrevo me direciona para um propósito e, eu sei para onde devo crescer.

- A tela em questão é de Patrizia D’Angello, com a Exposição Jardim do Édem na Galeria do Lago no Museu da República – Rua do Catete, 183 e que me suscitou inúmeras sensações e reflexões, juntamente com o título que ela deu a obra, como se pode observar.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Esperança

"Quero ver você não chorar 
não olhar pra trás
nem se arrepender do que faz.
Quero ver o amor vencer
você resistir e sorrir."

Acredito que todos conheçam este famoso jingle de Natal, ou pelo menos todos aqueles da mesma faixa etária que eu. Tocava na propaganda do antigo Banco Nacional lá pelos idos de 1985 e, agora, já faz parte do nosso cancioneiro natalino. 

Com essa introdução pretendo remeter o leitor a algo familiar para poder falar de um fato que presenciei ontem: lá estava eu em meio às compras de fim de ano, nesse calor de quase 50º do Rio de Janeiro, quando resolvi comprar uma água. Parei em uma lanchonete qualquer de esquina, que eu já havia avistado ao longe, como quem no deserto, antevê um pequeno oásis. 

E, assim que entrei, dei de cara com uma cena super fofa: estavam sentados um pai e sua filha nas cadeiras do balcão da lanchonete a minha frente, com seus sucos e cantavam o tal jingle na maior animação. 

Imediatamente eu esqueci o calor, a ansiedade, as dores no corpo, o cansaço e botei o maior sorrisão na minha cara.

E eles continuavam a cantar na maior alegria, sem prestar a mínima atenção no efeito que causavam nas pessoas a sua volta: uma contagiante sensação de bem estar e alegria e até, esperança. 

É, pois é, esperança, repetida no refrão: que o Natal existe, que ninguém é triste, que no mundo há sempre amor... Bom Natal, um Feliz Natal,  muito Amor e Paz pra você, pra você...

É ingênuo? É sim, mas pai e filha, ali, naquela felicidade, cantando também o era!

Então o que espero é que cada um de vocês, retenha essa imagem, e a levem consigo para suas casas e para esse Novo Ano do Sol que daqui a pouco se inicia.

E que como eu possam viver essa esperança a partir da simplicidade deste momento único.

Que todos possam viver momentos únicos neste Natal e neste Ano Novo.

A letra na íntegra: 
O NATAL EXISTE
Quero ver,
Você não chorar,
Não olhar pra trás,
Nem se arrepender, do que faz,
Quero ver o amor vencer,
Mas se a dor nascer
Você resistir e sorrir...
Se você pode ser assim,
Tão enorme assim, eu vou crer...
Que o Natal existe,
Que ninguém é triste,
Que no mundo há sempre amor,
Bom Natal, um feliz Natal,
Muito amor e paz pra você, pra você (pra você).



sexta-feira, 6 de setembro de 2019

IN DIG NA ÇÃO


Na foto abaixo o famoso dia da queima de livros na Alemanha nazista, estamos quase chegando lá!












Nesta foto ao lado funcionários da prefeitura do Rio de Janeiro na Bienal do Livro procuram material "IMPRÓPRIO" - 06/09/2019






Meu repúdio e minha indignação é pouco diante de tal absurdo que estamos vivendo hoje. 
É estarrecedor que seja dado "poder" a essas pessoas ignorantes, para que elas possam "decidir e escolher" por nós. 
O que eu vou ler, apenas eu tenho o DIREITO DE ESCOLHER. 
Nascemos todos as "imagem e semelhança de Deus" e, por isso mesmo, com DIREITO DE DECIDIR o que é ou não é melhor para nós e para nossos filhos. Não é o Estado, que se mostra um fracasso em todos os sentidos, que vai decidir isso por nós!
Muito menos o um prefeito omisso e desqualificado. 

sexta-feira, 28 de junho de 2019

O Ódio


Ódio, é o nome de uma música da banda de rock Luxúria, que eu adoro, mas que infelizmente já terminou, quem não conhece vale procurar os vídeos, são ótimos. E quem conheceu, claro vai saber exatamente do que estou falando. Exato, daquele trecho do refrão que repete: o meu ódio é o veneno que eu tomo querendo que o outro morra!

Quando a gente escuta a música pela primeira vez, nossa, essa letra é uma porrada surda bem no meio do nosso queixo. Não há quem escute isso e fique indiferente. Essa frase fica cutucando você.

Pelo menos a mim, ah, ela me alfineta o corpo e a alma.

Porque sabem, é verdade: alimentar o ódio é o mesmo que tomar um veneno mortal e intoxicar o nosso corpo pouco a pouco ou às vezes, muito rapidamente. É matar a si mesmo na esperança de que o outro, o objeto de nosso ódio, morra.

Mas a não ser que o façamos de verdade, isto é, que o assassinemos, todo o ódio e o rancor que alimentamos apenas se volta para o nosso próprio corpo nos matando lentamente, nos curvando sob o peso do monstro que pintamos.

Todo o ódio que foi disseminado no período eleitoral e que continua até os nossos dias, está deixando esta nossa sociedade doente.

Minha esperança é que todo esforço empregado por grande parte da sociedade para desmascarar  todo esse retrocesso, prevaleça.

É muito triste ver pessoas cultivarem ódios e rancores, passando pela vida amargas principalmente porque isso gera complicações físicas. Sim, não é à toa que a frase nos diz que "nós ingerimos veneno", pois é, esse veneno gera consequências em nosso corpo: ele nos intoxica, nos fragiliza e interrompe o livre fluxo de energias, em algum ponto ele cria um nódulo feio, talvez mesmo um câncer que irá nos corroer por dentro.

E o estranho de tudo isso é que acreditamos mesmo que com nosso ódio e nossos impropérios, estamos atingindo "o outro", quando estamos atingindo somente a nós mesmos.

Ninguém aqui está dizendo que perdoar é fácil. O processo de cura, por vezes é longo e sofrido, mas é sempre o mais necessário.

A cura do ódio, dos ressentimentos, dos rancores, não é simples. É um processo difícil, mas existem pessoas e existe Deus pra nos ajudar, seja qual for o Deus que esteja com você.

Exige muito, mas muito amor por você mesmo. Exige um desejo profundo de nunca desistir da gente mesmo e exige sonhar, ter um sonho. Exige entender que todas as pessoas são falhas e de que todas as pessoas podem ser incríveis.

E um profundo conhecimento de nossas próprias qualidades, funcionamento e defeitos e do contexto de nossas vidas.

O mundo humano não é justo.  Ao contrário, é marcado por uma história de violência e preconceitos, mas só quem pode mudar essa realidade, pasmem, é o mesmo ser humano.

Então há que se ter paciência e saber que ninguém está sozinho. No fim de tudo sempre há alguém para te estender a mão e te amar exatamente como você é (pelo menos essa é a minha esperança!).