quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Outubro

Amanhã é o dia do meu aniversário.


Comigo, faria aniversário Dina Sfat, símbolo de uma geração, com quem eu muito me identifico: em prosa e verso e beleza feminina.

Eu vejo em Dina Kutner de Souza o sol. Eu vejo em mim, o sol: através da minha pele, da luz do meu olhar, do desejo de viver, que ainda é muito maior que o desejo que por vezes me assola de desistir.

E, em todos os momentos, em que vi Dina num palco, desfeita em fragilidades, que eram a sua forma de reunir forças e se mostrar inteira, eu me via, em suas muitas faces, naquelas muitas mulheres que emergiam com a força de sua interpretação.

Ela preenchia todos os espaços, pouca gente devia suportar contracenar com ela, devia ser difícil mesmo lidar com a intensidade das suas emoções, das personas que se apoderavam dela.

Uma mulher franca e que expressava claramente seus desejos ou medos, algo de Clarice Lispector, muito de Cacilda Becker e, bem no meio deste universo, eu mesma, brilho neste palco de maneira diferente, mas sempre de alguma forma afirmando que sou.

Hoje, depois de tão longo aprendizado, eu sou. E muito do que sou aprendi com estas mulheres poderosas, que se forjaram no aço, de dentro para fora, no oito ou oitenta, para que agora mais serena possa viver o prazer de ter sobrevivido e a alegria das muitas cores que pintei pelo caminho.