sexta-feira, 6 de maio de 2016

Céu de outono

Boa hora pra falar de dores antigas, de amores distantes. Tão longínquos que você se pergunta,
por quê?
Talvez seja o céu de outono, ele me faz lembrar dos teus olhos distantes.
Ilhas vazias dentro de mim.
Tão frios e assustadores, tão familiares e acolhedores.
Eu que te amei tanto, mas tanto que sempre que me lembro do quanto, eu sinto a mesma angústia de antes.
De quando te vi pela primeira vez ser de outra.
Quando te vi cheio de ódio pela primeira vez.
Da angústia que senti quando me vi cheia do mesmo ódio, pela primeira vez. Eu que te amava tanto.
Você me roubou o meu amor? Pra onde foi todo aquele amor imenso que tive?
Que eu tinha em mim e que gritava pro mundo sem qualquer constrangimento?
Me devolve todas as risadas, todas as minhas lágrimas, todos os meus beijos.
Eu não consegui nada na mesma intensidade com ninguém mais... só no seu colo eu descansei, só com você eu me aventurei, só com você eu errei, eu acertei ou fui tudo ou nada.
Mas não se preocupe (eu sei mesmo que não faço parte das suas preocupações), outonos passam e a cada outono você está um pouco menos dentro de mim.
Até que não reste mais nada do teu azul, nada da tua voz, nada da tua presença, das tuas verdades perfeitas ou das tuas certezas.
Até que não reste mais vestígios teus em mim ou na paisagem.
Porque de verdade ainda tenho meus dois braços e minhas pernas e nada me foi amputado.
Eu ainda estou aqui para mim e para a vida que eu escolhi.
E é certo que eu não te amo mais.