quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Feliz 2014!




Que neste novo ano possamos:

Reafirmar nossa liberdade de ser e da possibilidade infinita de estar nos recriando,

Revisitar nossa história com um olhar novo e crítico,

Perceber que temos o direito de amar e escolher, por nossa conta e risco, o caminho a seguir

e que lutar é uma decisão política, podemos abraçá-la assim como vivemos nosso dia a dia.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Presente

Um brilhante cientista alemão acabara de concluir seu grande invento: a "máquina do tempo".
Mas antes que pudesse mostrar a seus pares a sua descoberta soube, através da imprensa, da tomada do poder pelo partido nazista na Alemanha.
Consciente das implicações deste fato, o cientista acomoda às pressas sua esposa no aparelho e no seu colo, coloca o seu filhinho. Sem muito pensar digita aleatoriamente o ano de 2013 no painel da máquina.
A última coisa de que a mulher se lembra é do marido murmurando: eu te amo, depois disso, abraçou seu filho bem apertado e fechou bem os olhos para não ver o tempo, que passava em velocidade inverossímil.
Quando tudo parou o menino assustado perguntou: mãe, já estamos no futuro?
- Estamos no presente querido, sempre no presente - respondeu a mãe carinhosamente.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Amores que nunca se perdem

Fui, na hora do almoço, passear no parque perto do meu trabalho, curtir um pouco de sombra, brisa e água fresca.
Máquina fotográfica em punho, fotos de muito verde e céu azul, das crianças e suas interações com os patos, gansos e outras entidades, velhos, passantes e... namorados, nos bancos, aos beijos, no colo um do outro, namorados de todas as idades.
Mas agora eu quero falar dos casais jovens, do casal adolescente que me fez lembrar de um casal de namorados que conheci numa escola técnica em que trabalhei.
Jamais os esqueci. Não porque eles se parecessem tanto um com o outro, ambos de cabelos lisos e grandes, na altura da cintura ou porque usassem esmalte preto nas unhas, coisa de meninos e meninas roqueiras, tinham praticamente a mesma altura, ele magrinho, ela também e quando se beijavam pareciam uma mesma e única escultura de carne.
O legal é que os dois viviam grudados e cercados de amigos!
Não se via um sem o outro e eles cagavam para o que se dizia deles. E como falavam. Eu era das poucas pessoas que não criticava o comportamento do casalzinho, pelo contrário, achava lindo. Eles pareciam tão íntimos, amigos, irmanados. É claro que não ia durar muito. Afinal, a humanidade infeliz e frustrada, não perdoa a inocência e o amor.
Depois de meses de felicidade e cumplicidade, soube, no final do ano, que ela havia se mudado com a família para outro estado e o menino tinha ficado no Rio.
Foi muito triste ver os olhos perdidos do guri sentado, sozinho, no mesmo banco, por dias, parecendo não avistar horizonte próximo.
Legal é saber que mesmo que a gente se rasgue, corte os pulsos, morra de dor, pouca gente vive amores assim, e que estes vivem em nossos corações e peles para sempre (e isso não há quem nos tire, quem um dia já pode sentir o mesmo, heim?).

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Sonhos e desejos

Fantasias e sonhos são tão particulares, tão pessoais.

Ninguém vive sem um ou sem o outro, eles não são iguais, mas igualmente nos alimentam. Não do feijão com arroz, mas de uma iguaria qualquer que vive e se faz em nós. 

De que é feita a matéria dos sonhos? E das fantasias? É certo, que são matérias diferentes.  Existem aqueles que dariam tudo pra saber o que sonhamos e, com quem sonhamos.

Infelizes criaturas! Deve ser uma tortura para elas, deixemos que se torturem. 

Da tecitura dos sonhos, a vida; da tecitura das fantasias, o desejo ou bem pode ser ao contrário! Tanto faz, de qualquer forma é impulso.

Eu sempre li muito e escrevi muito, desde que me vi como gente, desde muito pequena. Sempre foi minha forma de entender sentimentos e tentar conviver naquele mundo de muitos adultos e raras crianças. Num mundo de imensos abismos afetivos e segredos e, cada vez mais, longos silêncios...

Sempre foi minha maneira de tolerar, de suportar, a solidão familiar. 

Depois, com o tempo, escrever tomou vários outros sentidos, até me fazer girar em torno da leitura e da escrita. 

Até fazer-me ser através deste diálogo permanente comigo e com meu entorno.

Desta reflexão, nasce a necessidade da poesia, da síntese, da clareza, do brilho. Eu já havia me misturado a outras artes anteriormente, dança, música, pintura, desenho, escultura, teatro, performance, canto, mas por característica pessoais, a escrita me seduz e completa, me acorda de madrugada, me deixa insone, me apaixona e consome.

E esse desejo de transformar realidade em palavras sonoras, me fez sonhar em escrever um livro e, em 2 de outubro de 2012, realizei este meu sonho. Com ajuda de amigos e pessoas que sonharam e sonham comigo, juntei anos de sentimentos, ações, crescimento em palavras e versos escrevendo meu livro de poesia. 

Ficou lindo e verdadeiro, eu estou em cada verso e muito mais do que eu estou ali. 

Transcendeu a mim! Há uma quantidade de vidas e emoções humanas descritas neste meu livro que vão muito, mas muito além de mim. 

Então, na verdade, eu não sei o que nasceu primeiro: o desejo e depois o sonho ou o inverso?

Talvez esta seja uma dessas questões insolúveis, como o ovo e a galinha.

De qualquer forma, pode ser apenas falácia, afinal se a necessidade cria os sonhos ou os sonhos criam as necessidades, e daí? O mais importante é que isso gere IMPULSO DE CRIAÇÃO, DE REALIZAÇÃO e que tudo se concretize. Aí se pode dizer: valeu a pena, está tudo bem e se pode sonhar e desejar de novo. 

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Despedidas

Todos os dias eu digo: - este é o último!
e recomeço pelo beijo da despedida...

Ensaio um adeus definitivo, te digo um monte de desaforos,
mas você ri, esse teu riso de menino e eu não sei mais onde deixei meu texto pronto,
meu rumo, meu destino.

Somos muito parecidos, por isso - adeus!
estou indo para nossa cama agora.

Chega! Agora eu ponho um ponto final neste nosso filme passional.
Muito dramático?  Então que tal um ponto e vírgula?  Uma vírgula?  
E um travessão?

Te deixo todos os dias desperdício.
Depois, escondida, vou ler teus versos escritos em tuas páginas em branco.

domingo, 6 de janeiro de 2013

Maximus Cantus

um haijin 
abre a janela
- desperta um haicai

Na verdade esta haijin chama-se Nydia Bonetti e o seu livro Minumus Cantus.
Mestre em sua arte, a cada página, o leitor encantado vê despertar um haicai delicado, sutil, pinceladas no papel tal qual um sumiê. Através de rápidos traços temos todo o canto deste rouxinol livre, que canta sua poesia de forma profunda e leve como a brisa:

vergam meus ombros
sob o peso das pétalas
dos miosótis

É claro, que eu digo dessa magia em alto e bom som o que se reflete no título que dei para este texto, na verdade eu deveria dizer: Maximus cantus em mínimos versos!
No fim de tudo permanece o prazer de ler os haicais de Nydia uma, duas, três, infinitas vezes... é desta forma , através desta mágica que a poesia nos ajuda a viver cada dia.
E viver, como todos sabem, não é fácil.
A poesia cresce e se esparrama pela humanidade através de mãos sábias e sensíveis como as da haijin, nos resta CELEBRAR.
Finalmente querida amiga e poeta, Nydia Bonetti, podemos tê-la conosco todos os dias e declamar baixinho, como numa oração:

já é abril
vou abrir as janelas
e ouvir o vento