quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

AQUILO QUE AINDA NEM TEM NOME

Hoje eu fui lembrada desta imagem magnífica e aterrorizante, de 1989.
Mais de 40 anos se passaram e hoje, da China, temos o Covid-19.
Provavelmente esse menino, esse estudante, deve estar morto, ele e o operador do tanque que se recusou a passar por cima do rapaz!
Uma história de luta por liberdade que emocionou tanto a todos nós. Todos esses regimes ditatoriais têm memória curta e seletiva, debaixo da bota de seus generais, estão a liberdade de reflexão e de escolhas.
Triste mundo este em que vivemos que necessita de monstros de direita ou de esquerda, que no fundo são apenas isso: monstros... cujo único objetivo são seus prazeres imediatos e violentos, nada mais.
Esse jovem pelo contrário é o humano, a imagem de Deus em nós, é a escolha e a liberdade, é o nosso próximo. Por isso nos identificamos imediatamente com ele.
Por isso nós o amamos imediatamente. Porque ele reflete o que há de melhor em cada um de nós. Choramos por ele, torcemos por ele e morremos com ele.
E com ele estamos diante daquele tanque, junto àquele que dirige o tanque que humano, não mata o rapaz, mas se identifica com ele. Vê nele o seu próximo.
Quem, que como eu viu essa cena, não se sentiu mais humano e vivo nesse momento?
Clarice Linspector disse uma vez: Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Ela não viveu para ver essa cena, mas se ela a tivesse visto eu, pretensiosamente, acho que ela diria: é isso!

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