sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Moçambique

Helô só disse: Estou indo para Moçambique.
Mala na mão e porta afora deixando para trás o atônito João. Afinal, não podia se dar ao luxo de grandes explicações naquela altura do campeonato.
Em mais ou menos duas horas lá estava, em Floripa, Santa Catarina (lembrou-se de Paris, Texas).
Ficaria em algum lugar por ali até amanhã onde seguiria para Moçambique, seu encontro marcado com a poesia.
Era preciso comprar coisas essenciais: um caderno, um lápis e uma borracha, com um certo estilo.
Não se pode escrever sem um certo estilo, mas não conseguia escrever uma linha desde que tinha marcado o encontro.
Na verdade Helô desejava ler nos olhos, falar uma nova língua, trocar fluidos, suores, conter expressões para sempre em sua memória seletiva, guardar gestos, desfrutar prazeres, provar do sal e do sol, colher amores, ilusões passageiras, reter o vento, saborear a brisa, rir, borbulhar, amar, falar, calar, abraçar, beber tudo em grandes goles pela eternidade das paixões que nunca mentem, mas apenas se assemelham a chuva.
Tocar no mais sensível - o ponto de interseção, para que nenhum dos dois possa um dia pensar em voltar atrás.

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