quinta-feira, 24 de março de 2011

Desagravo


Ela se foi.
E me impressionou o fato de, no dia seguinte, todos estarem tão felizes.
Eu sei que parecemos arrogantes por acreditarmos na verdade e, principalmente, por dizermos a verdade. Um incômodo, uma chatice. Damos a impressão de estarmos sempre apontando o dedo para as falhas alheias como se fôssemos perfeitinhas. Não é assim. Apenas não nos conformamos.
Mas a felicidade deles durou tão pouco!
Logo tiveram que encontrar alguma outra preocupação, outro desconforto. Para ter a quem culpar, para livrar a cara de alguém por quem há algum apreço (se é que isto existe aqui).
Digo afeição verdadeira, laços reais de amizade e não mera aparência.
Entretanto, isto é trabalho e nada mais. É selva e nada mais.
Tudo uma questão de sobrevivência e acordos.
Como viver com princípios? Creio que somente a proximidade com Deus nos pode dar a resposta do como. Tudo passa, mas a palavra do Senhor permanece para sempre protegendo nossos corações de um colapso.
Vou navegando, este eu, este nós, estas tão delicadas nozes.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Explicando a campanha


Durante anos o Arquivo Nacional ficou "prisioneiro", do Ministério da Justiça. Estava subordinado a ele no organograma da burocracia estatal. Isso significou anos de retrocesso na política de abertura dos documentos do Arquivo à sociedade civil e de políticas públicas de acesso a informação, e com o Arquivo Nacional se submeteram os Arquivos estaduais e municipais. Há 9 anos sua subordinação muda passando para a Casa Civil e, com isso, acontece uma verdadeira revolução, que pode ser bem observada nas modernas instalações hoje ocupadas pelo Arquivo, pela importância que ele assume diante da sociedade na elaboração de políticas públicas de acesso e preservação da informação, e muito mais. Hoje, todo este avanço está ameaçado pelo retrocesso, o Ministro - Chefe da Casa Civil da Presidência da República deseja fazer retornar o Arquivo Nacional para a estrutura do Ministério da Justiça.
Assim, as comunidades vinculadas à informação, cultura, pesquisa e cidadania, entre outras, se engajaram na campanha PELA MANUTENÇÃO DO ARQUIVO NACIONAL NA CASA CIVIL, para que tenhamos a oportunidade de, através do acesso à informação, conhecermos cada vez mais a história deste país.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carta ao meu amor


meu querido amor,


hoje acordei com música.


claro que vim correndo lhe escrever, porque não passaremos o réveillon juntos, porque em nosso último encontro só falamos das nossas diferenças, porque não estou aguentando esta ansiedade de te saber longe de mim.


(gente eu reencontrei este meu antigo amor em um show de rock da Pity! depois de tanto tempo, ainda guardava em mim o gosto do seu beijo, o jeito da sua língua na minha boca, hum... foi fácil viver tudo novamente. quem pode resistir, ao que nunca tem fim? ao que nunca acabou apesar das diferenças, dos cabelos brancos dele e da sua raivosa verve de esquerda? das suas roupas fora de estação, típico de quem não liga para este mundo consumista?)


o que eu quero te dizer amor, é que foi legal vc cortar o cabelo junto comigo e fazer umas compras pra mudar um pouco o visual, bem como, foi lindo prestar atenção no seu discurso, na sua poesia, em todas as novidades que vc me trouxe por conta de tudo que a vida te ensinou nestes anos todos em que estivemos em outras paragens, vivendo com outras gentes, nestes mundos paralelos.


portanto, prestemos mais atenção nestes detalhes, nas nossas doações cotidianas ao amor. não estamos vivendo o mesmo. tudo é completamente diferente, apesar da similaridade dos cheiros, do gosto da pele, dos ais, do cais, das noites abertas as muitas possibilidades e descobertas, dos dias plenos de outros.


os erros que cometemos, ficaram num outro tempo, que não é o nosso de agora, nem nós somos os mesmos! portanto, estejamos atentos, mas não paranóicos.


as diferenças meu querido estão para serem apreciadas, amadas, bebidas, bem como as semelhanças. ponha-nas em uma taça, sorva tudo, intensamente. porque temos algo em comum: jamais deixamos de viver o que nos propomos. vivemos nosso amor de crianças, vivamos agora nosso amor de adultos. por quê? porque vc ficou em mim como perfume gostoso e eu fiquei em ti como este mesmo antigo e precioso cheiro... a despeito dos outros todos que passaram por nossas vidas e isso deve ter um significado. com certeza tem um significado para além do nosso senso comum, do nosso dia a dia, até para além da poesia.


foi assim nosso reencontro: inusitado, bizarro, mas encontro. como se o amor nunca tivesse podido ser esquecido, mesmo sendo guardado num canto, mesmo cultivada as mágoas, mesmo com nossos mesquinhos rancores. no momento em que nos tocamos nada disso mais fazia sentido e no mundo inteiro só nós existíamos e éramos novamente amantes.


vc não estará comigo aqui? ah, estará sim! grudado na minha alma como um destino estranho e incompreensível, mas quem de nós precisa entender? precisamos apenas sentir e eu dou graças a Deus por isso!


t amo




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Certas coisas na vida...


A vida, por vezes, nos prega cada peça...
Estou agora numa fase em que estou reencontrando, revendo, amigos de muito tempo.
Sério, gente que eu estava doida para achar ou pessoas que a vida fez com que, novamente, atravessassem o meu caminho.
Por acaso, sempre por acaso, nunca por acaso!
Inclusive, antigos amores. Diante de tantas redescobertas, parei diante destes versos da música do Kid Abelha - Nada sei, que escutei no rádio antes de vir trabalhar:

Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar...

Nesse mar, os segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar...

Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando
Enquanto o tempo me deixar
Errando
Enquanto o tempo me deixar...

Nossa, foi como voltar no tempo, para me lembrar dele: do meu primeiro e único amor.
(a distância tem destas coisas, faz a gente lembrar só de que é bom, principalmente, quando não se tem ninguém interessante em vista)
Na verdade, não é nada tão dramático assim, é só amor (e, é claro, a idade contribui muito para este tipo de recordação!), o fato de ser amor por si só não deveria ser complicado, entretanto, hoje, falar de amor pode bem ser considerado uma heresia.
Mas eu amei, se fui amada, eu nem sei e importa? Talvez, na época. Hoje, não mais. Hoje importa ter amado tanto.
Fui tonta, tive vertigens, tive ciúmes, quase morri com toda aquela intensidade.
Fui boba, fui "Maria", fui "Amélia", fui "Gilda", fui eu mesma.
Fui garota, menina, mulher, esposa.
Fui traída e adoeci.
Dei a cara a tapa e me dei mal, mas renasci, RECRIEI e hoje estou aqui, inteiraça!
Procurei por ele na parafernália da internet e o encontrei. O mesmo olhar, o mesmo sorriso... pensei até em salvar a fotografia, mas desisti. Fechei a telinha e fui trabalhar, afinal, eu ganho é para isto.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ojalá

Engraçado o que a música pode produzir em nossa alma.
Esta em especial, que escuto e escuto repetidas vezes é a música de Silvio Rodriguez. E quanto mais a escuto, mais a minha alma se eleva em um misto de sentimentos, mas principalmente, se enche de espírito, de amor... isso, de visões de amor. Algo que fuja das lágrimas, pelo menos das lágrimas solitárias... se temos que chorar, que o façamos juntos; que amemos na mesma intensidade, que nossos corpos sintam o mesmo tremor e o mesmo prazer ao se tocarem, ou apenas no encontro de nossos olhos que por mais que teimem, não conseguem se desvencilhar um do outro e que seja assim para sempre (ou que seja esta nossa ilusão mais sentida). Mas que seja! Algo que se possa tocar, que tenha peso e massa. E não a solidão de duas pessoas... só isso é muito pouco.
Será que alguém pode compreender esta dor? A dor de ser poeta? A dor de um grito, a milênios sufocado pela pressa deste novo mundo?
Eu não tenho medo destes sentimentos e dos meus sentidos, por quê você os tem?
Por quê?

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A cidade e o Seu Caos

Bom, não sou jornalista. Então não esperem de mim jornalismo, eu dou pitaco e opinião porque vivencio os fatos.

Na segunda-feira começou no Rio de Janeiro um verdadeiro martírio. Uma chuva forte e interminável que em menos de meia hora já tinha enchido o bairro de Botafogo, onde eu me encontrava. Óbvio, fiquei ilhada.

Não só eu como uma penca de pessoas que, desprevenidas, se apertavam nas marquises dos prédios buscando, inutilmente, um táxi ou um ônibus, para que pudessem sair daquela situação desesperadora.

Todo mundo encolhido e a água subindo ameaçadora.

No meio disso tudo encontro uma amiga, também como eu, aparvalhada.

Um cara na nossa frente fez sinal para um taxi e conversou com o motorista, mas o taxi saiu vazio e só ouvi o cara dizer: - Vai para Copacabana!

Parei o taxi, e fomos eu e minha amiga para Copa. Com o coração na mão, conseguimos atravessar a Real Grandeza e seguir para Copacabana ainda sem grandes bolsões de água.

Chegamos em casa, ligando a tv e rádio para ver o que se passava, mas foi no twitter que conseguimos a maioria das informações (recomendo: twet LeiSecaRJ).

Bom minha amiga resolveu ir para casa e aproveitou um momento de estiagem para partir e eu, fiquei lá ouvindo as barbaridades que estavam acontecendo pela cidade.

Pela manhã a chuva continuava no mesmo pique do dia anterior, forte e paralisante.

Ai começaram os absurdos, o Prefeito e o Governador sugerem que todos fiquem em casa e tudo vira feriado estadual. Os tais planos de emergência contra as chuvas (comuns nesta época do ano), viram pó soprado pelo vento e pelo frio e pela realidade da cidade exposta, nua e crua.

As declarações são as mais disparatadas, uns culpam a chuva, outros o lixo, outros ainda as pessoas pobres e ignorantes, as favelas e por aí vai.

As construções do PAC, se transformam em cubos de apartamentos em meio a uma piscina de água, lama e infiltrações por todo o lado, mais grana desperdiçada.

Foto de 1998 - Rio de Janeiro

Esse problema tão antigo quanto a cidade do Rio de Janeiro se repete a décadas, é fruto da metrópole caótica que se desenvolve sem planejamento urbano, mas acho que ninguém sabe o que vem a ser PLANEJAMENTO neste país.

A culpa é do bando de pobres que ocuparam as encostas, eles desmataram, construíram suas casas na beira de abismos, apinhadas uma em cima das outras, jogam lixo em qualquer lugar; é tem gente falando besteira demais por aí, eu gostaria que alguém sério, fizesse um trabalho de pesquisa sério, sobre a GEOPOLÍTICA DAS FAVELAS, eu creio que muita coisa interessante se descobriria com um estudo deste tipo. Por que razão se permitiu o surgimento das favelas neste país? Quem ganhou com isso?

Outro tema interessante é a EDUCAÇÃO, mas não se pode falar em educação sem se falar em saúde, alimentação e, voltando em moradia.

Eu gostaria aqui de rechaçar a visão estreita que culpa a população, principalmente a população de baixa-renda e chamar os governantes deste país a voltar ao banco das escolas para aprenderem noções básicas de planejamento e cidadania.