Lentamente as asas se descolam do corpo e parecem criar
uma vida independente.
Fecho os olhos. Já não sinto mais meu peso: sou como uma
pena a flutuar no ar, mesmo que ainda um tanto
desajeitada. Sinto todos os cheiros, todos os climas, todas as
correntes de ar.
Respiro bem devagar e aprumo meu corpo e sobre a pele
sinto nascer um desenho interno. Quem eu sou agora? Não
importa quando toda a mudança se processar eu saberei, eu
serei alguém completamente novo neste mundo e o
encontro com outros como eu será irremediável.
domingo, 9 de setembro de 2012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Passos no tempo
Caminhar, rumo ao infinito, a um ponto no horizonte, sem medo.
A natureza de um lado, absolutamente sob o controle de Deus, sem qualquer interferência humana.
Do outro, a urbanidade. A criação do homem, sua cidade, suas ruas, calçadas.
Uma caminhada solitária, entretanto, não podemos negar nossa natureza gregária. A linguagem, a criação, a cultura, a arte, a educação, a afetividade, a história, estabelecem a necessidade de relações, de vida em comum.
De qualquer forma, as experiências serão sempre pessoais e intransferíveis. Temos sempre que sustentar um discurso muito bem fundamentado, atualizado e dialético se quisermos repassar para outros nossas experiências e, mesmo assim, isso não é certeza de impedir qualquer pessoa de cometer as nossas mesmas tolices ou outras diferentes.
Talvez tenhamos que ser amorosos e pacientes até para permitir que outros cometam erros e possam aprender, de fato, com eles. É claro que tudo isso não é tão linear, sempre haverá argumentos e contra-argumentos, raciocínio e paixões, e em alguns casos, se pode tocar corações. Mas tudo isso é uma loteria, como o amor.
O amor - este sentimento crucial para o universo, esse sentimento universal e tão particular. Há de fato várias formas de amar? Ou a gente simplismente ama? Engraçado sempre acreditei que primitivamente as pessoas sempre amaram, de forma aberta e desinteressada, a civilidade nos fez possessivos e calculistas, perdemos a expontâneidade. Hoje somos extremamente solitários, não sabemos reunir pessoas a nossa volta, não sabemos formar famílias afetivas. Gostamos do jogo do poder, de submeter os outros, de estar no controle da situação. Isso não é amor, isso não é amar.
Construir o "ser", esta afirmação, é uma luta diária e implacável. Exige leveza e disciplina, exige flexibilidade e força, exige inconformidade e amor. Não é fácil ser em meio a este mundo doente, nossa diferença está na procura desesperada pela bondade, pelo amor, pela saúde, pela verdade, pela cura, pela salvação. Nossa diferença é que temos esperança e que esta esperança, em nós, gera AÇÃO. Gera oração, gera religação com o divino e com o mais que humano em nós. Gera RECRIAÇÃO, poema, arte, versatilidade, solidariedade, compaixão.
E todos estes sentimentos movem o mundo em outra direção, nos dão asas, nos fazem crer no impossível, nos faz dançar a beira do abismo, porque alguns são assim!
Construir o "ser", esta afirmação, é uma luta diária e implacável. Exige leveza e disciplina, exige flexibilidade e força, exige inconformidade e amor. Não é fácil ser em meio a este mundo doente, nossa diferença está na procura desesperada pela bondade, pelo amor, pela saúde, pela verdade, pela cura, pela salvação. Nossa diferença é que temos esperança e que esta esperança, em nós, gera AÇÃO. Gera oração, gera religação com o divino e com o mais que humano em nós. Gera RECRIAÇÃO, poema, arte, versatilidade, solidariedade, compaixão.
E todos estes sentimentos movem o mundo em outra direção, nos dão asas, nos fazem crer no impossível, nos faz dançar a beira do abismo, porque alguns são assim!
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Perfume de mulher
Eu não teria reparado nela. Seria apenas mais uma entrando no meu taxi.
Era cedo, umas 18:30, ela fez sinal em Copacabana e eu parei. Olhei o céu, entardecia.
- Moço, Botafogo, naqueles cinemas...
- Estação Botafogo, eu emendei.
- Isso, ela respondeu satisfeita.
Eu não olharia para ela duas vezes, mas foi então que aquele perfume encheu o carro. Um cheiro gostoso, feminino, não, não era enjoativo, mas era de mulher.
- Não é mais Estação Botafogo, o Sr. sabia?
Ainda bem que ela puxou um papo! E, seguimos conversando e eu reparando mais nela, o porte, o sorriso aberto, os olhos verdes, o corpo, o cheiro, o fogo, o papo.
- Sabe, a Senhora é minha última passageira. Vou deixar a Senhora e sigo pra casa.
- O Senhor gosta de cinema?
Acabei no cinema e depois nós ainda fomos fazer um lanche e tomar um café gostoso no bistrô do Estação. Aquela mulher era boa de conversa, fui deixar ela em casa. Em agradecimento ela me deu uma abraço... ah, ela sabia das coisas. O cheiro dela grudou em mim. Não tive dúvida, peguei de jeito e tasquei um beijo.
Acordei na casa dela.
- Me diz uma coisa, qual é o nome do seu perfume?
- Café.
Era cedo, umas 18:30, ela fez sinal em Copacabana e eu parei. Olhei o céu, entardecia.
- Moço, Botafogo, naqueles cinemas...
- Estação Botafogo, eu emendei.
- Isso, ela respondeu satisfeita.
Eu não olharia para ela duas vezes, mas foi então que aquele perfume encheu o carro. Um cheiro gostoso, feminino, não, não era enjoativo, mas era de mulher.
- Não é mais Estação Botafogo, o Sr. sabia?
Ainda bem que ela puxou um papo! E, seguimos conversando e eu reparando mais nela, o porte, o sorriso aberto, os olhos verdes, o corpo, o cheiro, o fogo, o papo.
- Sabe, a Senhora é minha última passageira. Vou deixar a Senhora e sigo pra casa.
- O Senhor gosta de cinema?
Acabei no cinema e depois nós ainda fomos fazer um lanche e tomar um café gostoso no bistrô do Estação. Aquela mulher era boa de conversa, fui deixar ela em casa. Em agradecimento ela me deu uma abraço... ah, ela sabia das coisas. O cheiro dela grudou em mim. Não tive dúvida, peguei de jeito e tasquei um beijo.
Acordei na casa dela.
- Me diz uma coisa, qual é o nome do seu perfume?
- Café.
domingo, 22 de julho de 2012
Outros quandos
- Quando tu me descreves, me relatas.
Quando eu te descrevo, te traduzo.
- Quando eu amo, estou inteira.
Quando tu amas, te despedaças.
- Quando eu mando, teimas.
Quando ordenas, me rendo.
- Quando te imito, te irritas.
Quando te irritas, eu adoro.
- Quando eu anoiteço, você me provoca.
Quando eu amanheço, você adormece.
- Quando eu me dispo: enluaro.
Quando tu me despe: tatuagem
- Quando sorris, me arrebatas.
Quando eu sorrio, te derretes todo.
domingo, 8 de julho de 2012
Sábado Cine
Este sete de julho foi totalmente dedicado ao cinema.
Primeiro assisti o Deus da carnificina e agora parto Para Roma com amor.
Vai ser estranho, depois de ter visto muitos dos filmes de Fellini...
Ah, me lembrei, vi há pouco tempo Comer, rezar e amar, talvez ajude, embora Woody Allen não seja tão óbvio.
Por que dizem que a Itália é romântica? Será por conta da língua ou dos hormônios latinos?
Roma subjugou muitos povos e se constituiu em poderoso Império que, como tudo na vida, terminou, ruiu, findou decadente. De lá para cá outros Impérios, outras histórias até chegarmos ao nazi-facismo.
Tão romântica quanto a Itália é a França na primavera ou a Grécia, o que me faz lembrar da mitologia com Eros e Afrodite, adotados por Roma como Cupido e Vênus, será que tudo nasce do mito?
Mas depois eu conto, vamos voltar ao enredo do Deus da Carnificina.
Dois casais se encontram para discutir a relação problemática de seus filhos, mas ao invés de falar das crianças e falando delas, acabam interagindo e falando cada vez mais de si, gerando a revelação de cada um, enquanto ser humano e dos seus respectivos papéis sociais, todos se desnudam sem qualquer pudor, sem tirar uma peça de roupa! Vomitam a alma. O filme vai decodificando e simplificando a linguagem e cada personagem vai se expondo sem dó ou piedade. Fiquei doida para ler o texto original!
Como os grandes impérios, as pessoas secam, degeneram e causam muito estrago antes de morrer. O homem se encarrega de arrastar tudo com ele a medida que cria estruturas para isso, o seu Estado, os seus Governos, a sua burocracia, os seus planejamentos.
Enquanto Deus distribui generosamente beleza e amor e apenas diz sim a existência, nós fazemos questão de negar a vida e matarmos toda luz no mundo. Ainda bem que existem as crianças e elas sobrevivem!

Vai ser estranho, depois de ter visto muitos dos filmes de Fellini...
Ah, me lembrei, vi há pouco tempo Comer, rezar e amar, talvez ajude, embora Woody Allen não seja tão óbvio.
Por que dizem que a Itália é romântica? Será por conta da língua ou dos hormônios latinos?
Roma subjugou muitos povos e se constituiu em poderoso Império que, como tudo na vida, terminou, ruiu, findou decadente. De lá para cá outros Impérios, outras histórias até chegarmos ao nazi-facismo.
Tão romântica quanto a Itália é a França na primavera ou a Grécia, o que me faz lembrar da mitologia com Eros e Afrodite, adotados por Roma como Cupido e Vênus, será que tudo nasce do mito?
Mas depois eu conto, vamos voltar ao enredo do Deus da Carnificina.
Dois casais se encontram para discutir a relação problemática de seus filhos, mas ao invés de falar das crianças e falando delas, acabam interagindo e falando cada vez mais de si, gerando a revelação de cada um, enquanto ser humano e dos seus respectivos papéis sociais, todos se desnudam sem qualquer pudor, sem tirar uma peça de roupa! Vomitam a alma. O filme vai decodificando e simplificando a linguagem e cada personagem vai se expondo sem dó ou piedade. Fiquei doida para ler o texto original!
Como os grandes impérios, as pessoas secam, degeneram e causam muito estrago antes de morrer. O homem se encarrega de arrastar tudo com ele a medida que cria estruturas para isso, o seu Estado, os seus Governos, a sua burocracia, os seus planejamentos.
Enquanto Deus distribui generosamente beleza e amor e apenas diz sim a existência, nós fazemos questão de negar a vida e matarmos toda luz no mundo. Ainda bem que existem as crianças e elas sobrevivem!
domingo, 27 de maio de 2012
Acidental
Fala sério, olha só o que eu fui arrumar: cai da escada!
Tem cada coisa que acontece, de uma hora para outra, assim sem aviso prévio, uma distração e pronto - vai tudo pro brejo.
Ainda bem que eu não quebrei, mas foi uma torção grave no tornozelo esquerdo.
Um passo em falso na escada e lá fui eu pro chão do hall do prédio e não deu nem pra dar risada: doeu muito na hora. O pior, foram os porteiros ajudando a "senhora" a se levantar, sentar numa cadeira e por gelo no machucado. O legal disso tudo é poder falar sobre tudo isso aqui no meu cantinho, mas o melhor é poder rir de tudo isso agora, rsrsrsrs...
O que é claro não deu pra fazer na hora! Porque no momento tem a dor, o medo, a surpresa, o susto e a inevitável pergunta: e agora? Mas como diz minha irmã, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Amém.
Tem cada coisa que acontece, de uma hora para outra, assim sem aviso prévio, uma distração e pronto - vai tudo pro brejo.
Ainda bem que eu não quebrei, mas foi uma torção grave no tornozelo esquerdo.
Um passo em falso na escada e lá fui eu pro chão do hall do prédio e não deu nem pra dar risada: doeu muito na hora. O pior, foram os porteiros ajudando a "senhora" a se levantar, sentar numa cadeira e por gelo no machucado. O legal disso tudo é poder falar sobre tudo isso aqui no meu cantinho, mas o melhor é poder rir de tudo isso agora, rsrsrsrs...
O que é claro não deu pra fazer na hora! Porque no momento tem a dor, o medo, a surpresa, o susto e a inevitável pergunta: e agora? Mas como diz minha irmã, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Amém.
domingo, 1 de abril de 2012
Quero-quero

Quero-quero fez um alvoroço na tua janela e você, solícito, foi correndo lá ver a bagunceira.
Te deixou chegar bem perto e nem se incomodou com a tua presença, queria mesmo chamar atenção!
Quando estavas bem distraído com toda aquela arruaça, veio rápida, bicou teus lábios e
fugiu a danada, voando sem parada, toda envergonhada.
Mas você voltava sempre na mesma hora pra ver se a encontrava, enquanto a quero-quero, voava razante sobre os teus cabelos.
Essas coisas do coração são estranhas mesmo, o bichinho precisa voar enquanto o homem faz somente caminhar.
De qualquer forma o chamego continuava e ardia no peito, fazer o quê então?
Sei não, o final da história, fica para outra ocasião...
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