domingo, 8 de julho de 2012

Sábado Cine

Este sete de julho foi totalmente dedicado ao cinema.
Primeiro assisti o Deus da carnificina e agora parto Para Roma com amor.
Vai ser estranho, depois de ter visto muitos dos filmes de Fellini...
Ah, me lembrei, vi há pouco tempo Comer, rezar e amar, talvez ajude, embora Woody Allen não seja tão óbvio.
Por que dizem que a Itália é romântica? Será por conta da língua ou dos hormônios latinos?
Roma subjugou muitos povos e se constituiu  em poderoso Império que, como tudo na vida, terminou, ruiu, findou decadente. De lá para cá outros Impérios, outras histórias até chegarmos ao nazi-facismo.
Tão romântica quanto a Itália é a França na primavera ou a Grécia, o que me faz lembrar da mitologia com Eros e Afrodite, adotados por Roma como Cupido e Vênus, será que tudo nasce do mito?
Mas depois eu conto, vamos voltar ao enredo do Deus da Carnificina.
Dois casais se encontram para discutir a relação problemática de seus filhos, mas ao invés de falar das crianças e falando delas, acabam interagindo e falando cada vez mais de si, gerando a revelação de cada um, enquanto ser humano e dos seus respectivos papéis sociais, todos se desnudam sem qualquer pudor, sem tirar uma peça de roupa! Vomitam a alma. O filme vai decodificando e simplificando a linguagem e cada personagem vai se expondo sem dó ou piedade. Fiquei doida para ler o texto original!
Como os grandes impérios, as pessoas secam, degeneram e causam muito estrago antes de morrer. O homem se encarrega de arrastar tudo com ele a medida que cria estruturas para isso, o seu Estado, os seus Governos, a sua burocracia, os seus planejamentos.
Enquanto Deus distribui generosamente beleza e amor e apenas diz sim a existência, nós fazemos questão de negar a vida e matarmos toda luz no mundo. Ainda bem que existem as crianças e elas sobrevivem!


domingo, 27 de maio de 2012

Acidental

Fala sério, olha só o que eu fui arrumar: cai da escada!
Tem cada coisa que acontece, de uma hora para outra, assim sem aviso prévio, uma distração e pronto - vai tudo pro brejo.
Ainda bem que eu não quebrei, mas foi uma torção grave no tornozelo esquerdo.
Um passo em falso na escada e lá fui eu pro chão do hall do prédio e não deu nem pra dar risada: doeu muito na hora. O pior, foram os porteiros ajudando a "senhora" a se levantar, sentar numa cadeira e por gelo no machucado. O legal disso tudo é poder falar sobre tudo isso aqui no meu cantinho, mas o melhor é poder rir de tudo isso agora, rsrsrsrs...
O que é claro não deu pra fazer na hora! Porque no momento tem a dor, o medo, a surpresa, o susto e a inevitável pergunta: e agora? Mas como diz minha irmã, entre mortos e feridos, salvaram-se todos! Amém.

domingo, 1 de abril de 2012

Quero-quero


Quero-quero fez um alvoroço na tua janela e você, solícito, foi correndo lá ver a bagunceira.
Te deixou chegar bem perto e nem se incomodou com a tua presença, queria mesmo chamar atenção!
Quando estavas bem distraído com toda aquela arruaça, veio rápida, bicou teus lábios e
fugiu a danada, voando sem parada, toda envergonhada.
Mas você voltava sempre na mesma hora pra ver se a encontrava, enquanto a quero-quero, voava razante sobre os teus cabelos.
Essas coisas do coração são estranhas mesmo, o bichinho precisa voar enquanto o homem faz somente caminhar.
De qualquer forma o chamego continuava e ardia no peito, fazer o quê então?
Sei não, o final da história, fica para outra ocasião...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Musa



Helô acordou bem cedo e com a nítida sensação de que seu tico e teco tinham viajado a um mundo paralelo.
Mas nesta manhã, suas conexões neurais haviam sido restauradas e ela pode rever, mentalmente, tudo que tinha dito pra ele na noite anterior e riu, riu muito.
Errou feio, tudo porque não entendeu o que significava, para ele, a palavra “inspiração”.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A casa caiu




Da mesma forma como entreguei o ouro para ti, neste momento, venho com minhas mãos cheias de lágrimas - de raiva!

Você conseguiu fazer do amor um jogo, um poema capenga, de rima fácil e pobre, parabéns. Deu a última palavra, tirou de mim tudo que podia e agora se encontra assim, placidamente feliz.

Segue em seu ritmo, criando suas frases de efeito.

Ninguém sabe da tua crueldade... do veneno que destilas.

Pensas que arrancaste minhas asas? Eu continuo a amar todo verbo, toda a beleza que a tua maldade concebe sem perceber que pra lá de todo mal, a beleza desfaz a escuridão e ilumina
meu olhar.

Eu continuo a ver além de você, muito além das tuas artimanhas, meu coração não se prende a ti.

E um dia ele estará completamente liberto, para sentir através de ti e tu não serás mais que neblina que se esvai.

E a medida que desabafo neste meu espaço, mais livre eu me sinto e mais próxima estou deste momento.

O momento de finalmente poder dizer-te: ADEUS!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Contradições



Contradições



... mas o que eles não sabem levar em conta é que o poeta é uma criatura essencialmente dramática, isto é, contraditória, isto é, verdadeira.

E por isso, é que o bom de escrever teatro é que se pode dizer, como toda a sinceridade, as coisas mais opostas.

Sim, um autor que nunca se contradiz deve estar mentindo. (Mário Quintana)








tô na chuva

na bagunça

no batuque

o coração

se acostuma...





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por tudo eu voo,

por isso eu sonho,

portanto durmo:

dias inteiros...









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tudo em mim transpira amor

- asas pra que te quero?

elas me levam inexoravelmente pra ti



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fico procurando as tuas cartas pela casa, mas não é que, com o tempo, desapareceram todos os remetentes!



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não tenho medo de (quase) nada:

o que não vivo me exaspera!



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o amor sempre me atrapalha:

meto os pés pelas mãos, visto as calças pela cabeça e outras pirações populares!









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espero o sol:

apenas o sol tem o poder de me fazer esquecer!



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minhas asas me levaram a uma grande altitude: as lágrimas congelaram.



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o tempo passa

eu enfio o pé na jaca

asas no carnaval

Borboletas



No casulo do poema, meu corpo se entrega...


Tenho tatuadas no meu corpo pequenas borboletas coloridas. Elas voam nos teus sonhos.


Minha alma, que toda noite alça longos voos, possui amigos inimagináveis.



Voo sedenta.
Que boca, que língua, que pele, a mim pode oferecer umidade e frescor?


Sou parceira da tempestade, adoro a ventania! Quando chego faço um estrago nos corações incautos.


Que bom sair do ninho dos teus braços! Minhas asas me libertaram deste entorpecente...


no carnaval
os amores
não usam
máscaras!