Hoje tive que acordar cedo. Precisava postar o meu livro para uma amiga poeta de Pernambuco.
Então me arrumei e parti para papelaria, sempre envio meus livros em um envelope especial, forrado com plástico bolha em seu interior.
Estava eu na papelaria, minha favorita na Nossa Senhora de Copacabana, pertinho de casa, escolhendo o meu envelope quando de repente me entra um sujeito alto e interessante (o que significa um cara pegável, mas não bonito), se aproxima da moça do caixa e inicia o seguinte diálogo:
- Eu trouxe esta caneta pra você. (Imediatamente ambos se tornaram o foco de todas as atenções!)
e ele continua: Era do meu irmão, quer dizer meu irmão tinha um negócio, eu acho que ele ainda tem. (faz uma pausa pensativo!) e engata... Um negócio de família, que passou de pai para filho, sacou? Bem, de qualquer forma eu deixo a caneta com você.
E aí, girou nos calcanhares e saiu da loja.
Por alguns segundos todos ficaram se olhando em silêncio, até que a moça do caixa, incrédula e com a caneta na mão perguntou:
- Alguém entendeu alguma coisa?
Aí a risada foi generalizada e cada um dos presentes deu sua opinião sobre o "inusitado".
É claro que eu também aproveitei pra dar o meu pitaco. Porque na minha opinião o rapaz meio sem jeito ou do jeitão lá dele, só estava mesmo querendo chegar na moça do caixa.
De qualquer forma, eu sempre fico com a impressão que essas coisas só acontecem aqui (ou ainda acontecem aqui), neste começo de tudo que é Copacabana, não é não?
segunda-feira, 6 de julho de 2015
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Serena do mar (contos da sereia)
I
Serena veio dar na praia...
Deixou-se ficar na areia, ao sol.
Seca, firmou-se sobre suas transformadas pernas. Feliz, foi perambular pelo povoado.
Estava tão curiosa para conhecer o Marujo, aquele de quem suas irmãs tanto falavam,
de quem ouvira tantas histórias.
Já no povoado, Serena observava o movimento, as gentes, em suas atividades diárias.
Distraída, nem percebeu este alguém atrás dela.
- Você demorou tanto! disse a voz em seu ouvido, masculina e rouca.
Seu coração deu um pulo. Ai, só podia ser ele.
Fim do primeiro encantamento.
II
Serena buscou no mar tempestuoso, o seu coração, orando pelos outros náufragos...
Tudo que o Marujo mais amava era o mar.
Assim, quando durante uma violenta tempestade caiu nas águas furiosas, não se desesperou, lutou apenas, como era do seu caráter.
Depois de algum tempo, sentiu-se embalado por uma rede de cabelos macios e escutou, internamente, uma voz suave cantando uma daquelas cantigas de sua infância. Fechou os olhos, sabia que era Serena, sua sereia vinha em seu socorro, parou de lutar e se deixou levar...
III
Quando o Marujo despertou, seus olhos se abriram devagar: estaria no céu?
A cama improvisada debaixo dos coqueiros, ela ajoelhada cantarolando baixinho, nas mãos o pano úmido, carinhosamente passado pelo seu rosto, seu corpo... se ele não estivesse tão exausto pensou, aí sim, teríamos o paraíso, mas é só esperar minha sereia, só preciso do carinho e da brisa da noite, não vai perder por esperar não, viu? meu céu...
Fim do terceiro ato de encantamento.
IV
Com a noite, o Marujo recuperado,finalmente despertou e se deparou com a imensa lua que iluminava o mar, mas ela não estava lá.
Procurou com os olhos,lá vem Serena caminhando devagar peixe assado e água de coco, aí vem ela, sorriso largo e aqueles olhos verdes, águas vivas queimando seu juízo.
- Vem cá minha sereia gostosa, deixa o peixe pra depois...
Depois da boca, das línguas, dos cheiros, das mãos, dos corpos, a noite inteira dos mais devotados jeitos, entregues a todo desejo.
Pela manhã, exausto e feliz, a encontrou tatuada em seu peito e, na areia da praia um pequeno bote de resgate.
V
Já Serena, no mar, feliz da vida carregava em si a humanidade, tatuada em seu ventre.
Serena veio dar na praia...
Deixou-se ficar na areia, ao sol.
Seca, firmou-se sobre suas transformadas pernas. Feliz, foi perambular pelo povoado.
Estava tão curiosa para conhecer o Marujo, aquele de quem suas irmãs tanto falavam,
de quem ouvira tantas histórias.
Já no povoado, Serena observava o movimento, as gentes, em suas atividades diárias.
Distraída, nem percebeu este alguém atrás dela.
- Você demorou tanto! disse a voz em seu ouvido, masculina e rouca.
Seu coração deu um pulo. Ai, só podia ser ele.
Fim do primeiro encantamento.
II
Serena buscou no mar tempestuoso, o seu coração, orando pelos outros náufragos...
Tudo que o Marujo mais amava era o mar.
Assim, quando durante uma violenta tempestade caiu nas águas furiosas, não se desesperou, lutou apenas, como era do seu caráter.
Depois de algum tempo, sentiu-se embalado por uma rede de cabelos macios e escutou, internamente, uma voz suave cantando uma daquelas cantigas de sua infância. Fechou os olhos, sabia que era Serena, sua sereia vinha em seu socorro, parou de lutar e se deixou levar...
III
Quando o Marujo despertou, seus olhos se abriram devagar: estaria no céu?
A cama improvisada debaixo dos coqueiros, ela ajoelhada cantarolando baixinho, nas mãos o pano úmido, carinhosamente passado pelo seu rosto, seu corpo... se ele não estivesse tão exausto pensou, aí sim, teríamos o paraíso, mas é só esperar minha sereia, só preciso do carinho e da brisa da noite, não vai perder por esperar não, viu? meu céu...
IV
Com a noite, o Marujo recuperado,finalmente despertou e se deparou com a imensa lua que iluminava o mar, mas ela não estava lá.
Procurou com os olhos,lá vem Serena caminhando devagar peixe assado e água de coco, aí vem ela, sorriso largo e aqueles olhos verdes, águas vivas queimando seu juízo.
- Vem cá minha sereia gostosa, deixa o peixe pra depois...
Depois da boca, das línguas, dos cheiros, das mãos, dos corpos, a noite inteira dos mais devotados jeitos, entregues a todo desejo.
Pela manhã, exausto e feliz, a encontrou tatuada em seu peito e, na areia da praia um pequeno bote de resgate.
V
Já Serena, no mar, feliz da vida carregava em si a humanidade, tatuada em seu ventre.
Fim de todo este encantamento, por enquanto...
sexta-feira, 30 de maio de 2014
POÊMIA, poesia de pele e desejos
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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
Revelação

Seus olhos se voltaram para as janelas estilhaçadas, era óbvio que a luta continuava sendo travada, entretanto, em Ana já não residia esperança, não neste mundo. Esperava, isto sim, que a qualquer momento, um clarão de ódio selasse o destino de todos.
Não importa, sua alma livre vaga por outros mundos agora, se tudo der certo, se agrupará a outras almas livres, que serão tragadas pelo Espírito de Deus e formarão então uma nova matriz.
Longe desta miséria talvez possam recriar o caos do amor e da beleza, caldo primordial do Universo.
Morre a casca fica a célula do ovo
Sem futuro
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Enquanto Carmem matutava sobre o futuro da filha, lá fora uma confusão se formava:
-Dona Carmem, Dona Carmem!
Quando ouviu o seu nome correu para a porta da frente, o coração saindo pela boca e aquele terrível pressentimento.
Porta afora, Carmem pode ver a pequena multidão que se formara, em meio a toda àquela gente sua filha, dois tiros no rosto, irreconhecível.
Atônita, frente a realidade e a todo o alarido, a mãe se ajoelha e cobre o rosto da filha com o pano de prato que, na pressa, tinha trazido pra rua de casa.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Feliz 2014!
Que neste novo ano possamos:
Reafirmar nossa liberdade de ser e da possibilidade infinita de estar nos recriando,
Revisitar nossa história com um olhar novo e crítico,
Perceber que temos o direito de amar e escolher, por nossa conta e risco, o caminho a seguir
e que lutar é uma decisão política, podemos abraçá-la assim como vivemos nosso dia a dia.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Presente
Um brilhante cientista alemão acabara de concluir seu grande invento: a "máquina do tempo".
Mas antes que pudesse mostrar a seus pares a sua descoberta soube, através da imprensa, da tomada do poder pelo partido nazista na Alemanha.
Consciente das implicações deste fato, o cientista acomoda às pressas sua esposa no aparelho e no seu colo, coloca o seu filhinho. Sem muito pensar digita aleatoriamente o ano de 2013 no painel da máquina.
A última coisa de que a mulher se lembra é do marido murmurando: eu te amo, depois disso, abraçou seu filho bem apertado e fechou bem os olhos para não ver o tempo, que passava em velocidade inverossímil.
Quando tudo parou o menino assustado perguntou: mãe, já estamos no futuro?
- Estamos no presente querido, sempre no presente - respondeu a mãe carinhosamente.
Mas antes que pudesse mostrar a seus pares a sua descoberta soube, através da imprensa, da tomada do poder pelo partido nazista na Alemanha.
Consciente das implicações deste fato, o cientista acomoda às pressas sua esposa no aparelho e no seu colo, coloca o seu filhinho. Sem muito pensar digita aleatoriamente o ano de 2013 no painel da máquina.
A última coisa de que a mulher se lembra é do marido murmurando: eu te amo, depois disso, abraçou seu filho bem apertado e fechou bem os olhos para não ver o tempo, que passava em velocidade inverossímil.
Quando tudo parou o menino assustado perguntou: mãe, já estamos no futuro?
- Estamos no presente querido, sempre no presente - respondeu a mãe carinhosamente.
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