portanto, aí temos um bom exemplo da qualidade das antigas marchinhas de carnaval. Dá saudade mesmo, de um carnaval que não volta mais.
Dos grandes compositores Noel Rosa e Braguinha: As Pastorinhas
sábado, 13 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Ato obsceno
Hoje saí de casa, invariavelmente atrasada.
Ainda bem que o vestido já estava passado, sapato escolhido e
bolsas organizadas. Foi só tomar um bom banho frio e logo em
seguida voltar a suar no calor de 40º que já fazia às 08:30 h ( e
estamos em horário de verão!). Eu como o pão me vestindo, enquanto a água pro cafezinho esquenta no fogão.
Caramba, ando mesmo bagunceira.
Tudo pronto, tirar os aparelhos das tomadas, tomar café, e desligar o gás. Ah, botar o lixo pra fora. Esqueci o batom. Tudo bem, depois eu ponho. Esqueci o perfume. Nem pensar. Da porta eu volto, sem perfume eu não saio de casa.
Tudo pronto, fechar a porta e partir para o novo dia.
Quando chego na portaria do prédio e abro a porta... lá estão eles: os pares de olhos castanhos mais cristalinos e lindos que eu já vi. E olhavam para mim como se fosse amor a primeira vista, aqueles olhos tão meigos e cheios de carinho.
Foi impactante! Saí às gargalhadas dali. Minha alma gêmea, um imenso rottweiler que olhava para mim com seus olhos bovinos, digo caninos, enquanto fazia chichi no gelo baiano colocado estrategicamente em frente ao portão do meu prédio, vai saber por quem.
Ainda bem que o vestido já estava passado, sapato escolhido e
bolsas organizadas. Foi só tomar um bom banho frio e logo em
seguida voltar a suar no calor de 40º que já fazia às 08:30 h ( e
estamos em horário de verão!). Eu como o pão me vestindo, enquanto a água pro cafezinho esquenta no fogão.
Caramba, ando mesmo bagunceira.
Tudo pronto, tirar os aparelhos das tomadas, tomar café, e desligar o gás. Ah, botar o lixo pra fora. Esqueci o batom. Tudo bem, depois eu ponho. Esqueci o perfume. Nem pensar. Da porta eu volto, sem perfume eu não saio de casa.
Tudo pronto, fechar a porta e partir para o novo dia.
Quando chego na portaria do prédio e abro a porta... lá estão eles: os pares de olhos castanhos mais cristalinos e lindos que eu já vi. E olhavam para mim como se fosse amor a primeira vista, aqueles olhos tão meigos e cheios de carinho.
Foi impactante! Saí às gargalhadas dali. Minha alma gêmea, um imenso rottweiler que olhava para mim com seus olhos bovinos, digo caninos, enquanto fazia chichi no gelo baiano colocado estrategicamente em frente ao portão do meu prédio, vai saber por quem.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
O Haiti - as coisas que muitas vezes não vemos
Haiti: estamos abandonados", texto do pesquisador da Unicamp Otávio Calegari Jorge, no Haiti
A noite de ontem (dia 12) foi a coisa mais extraordinária de minha vida. Deitado do lado de fora da casa onde estamos hospedados, ao som das cantorias religiosas que tomaram lugar nas ruas ao redor e banhado por um estrelado e maravilhoso céu caribenho, imagens iam e vinham. No entanto, não escrevo este pequeno texto para alimentar a avidez sádica de um mundo já farto de imagens de sofrimento.
O que presenciamos ontem no Haiti foi muito mais do que um forte terremoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia.
O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo?
A ONU gasta meio bilhão de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã estivemos no BRABATT, o principal Batalhão Brasileiro da Minustah. Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, Coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas. Infelizmente isto é o melhor que podemos fazer a este país.
Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela?
Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.
Longe de mim ser contra qualquer medida nesse sentido, mesmo porque, por sermos estrangeiros e brancos, também poderíamos necessitar de qualquer apoio que pudesse vir da Minustah.
A realidade, no entanto, já nos mostra o desfecho dessa tragédia – o povo haitiano será o último a ser atendido, e se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados.
A polícia haitiana, frágil e pequena, já está cumprindo muito bem seu papel – resguardar supermercados destruídos de uma população pobre e faminta. Como de praxe, colocando a propriedade na frente da humanidade.
Me incomoda a ânsia por tragédias da mídia brasileira e internacional. Acho louvável a postura de nossa fotógrafa de não sair às ruas de Porto Príncipe para fotografar coisas destruídas e pessoas mortas. Acredito que nenhum de nós gostaria de compartilhar, um pouco que seja, o que passamos ontem.
Infelizmente precisamos de mais uma calamidade para notarmos a existência do Haiti. Para nós, que estamos aqui, a ligação com esse povo e esse país será agora ainda mais difícil de ser quebrada.
Espero que todos os que estão acompanhando o desenrolar desta tragédia também se atentem, antes tarde do que nunca, para este pequeno povo nesta pequena metade de ilha que deu a luz a uma criatividade, uma vontade de viver e uma luta tão invejáveis.
publicado no dia 13 de janeiro em
http://lacitadelle.wordpress.com/2010/01/13/haiti-estamos-abandonados/
Postado por Victor Paes às 15:42
A noite de ontem (dia 12) foi a coisa mais extraordinária de minha vida. Deitado do lado de fora da casa onde estamos hospedados, ao som das cantorias religiosas que tomaram lugar nas ruas ao redor e banhado por um estrelado e maravilhoso céu caribenho, imagens iam e vinham. No entanto, não escrevo este pequeno texto para alimentar a avidez sádica de um mundo já farto de imagens de sofrimento.
O que presenciamos ontem no Haiti foi muito mais do que um forte terremoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo. Foi o resultado de intervenções, massacres e ocupações que sempre tentaram calar a primeira república negra do mundo. Os haitianos pagam diariamente por esta ousadia.
O que o Brasil e a ONU fizeram em seis anos de ocupação no Haiti? As casas feitas de areia, a falta de hospitais, a falta de escolas, o lixo. Alguns desses problemas foram resolvidos com a presença de milhares de militares de todo mundo?
A ONU gasta meio bilhão de dólares por ano para fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã estivemos no BRABATT, o principal Batalhão Brasileiro da Minustah. Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, Coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exatamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas. Infelizmente isto é o melhor que podemos fazer a este país.
Hoje, dia 13 de janeiro, o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah quando precisamos dela?
Posso responder a esta pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros.
Longe de mim ser contra qualquer medida nesse sentido, mesmo porque, por sermos estrangeiros e brancos, também poderíamos necessitar de qualquer apoio que pudesse vir da Minustah.
A realidade, no entanto, já nos mostra o desfecho dessa tragédia – o povo haitiano será o último a ser atendido, e se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados.
A polícia haitiana, frágil e pequena, já está cumprindo muito bem seu papel – resguardar supermercados destruídos de uma população pobre e faminta. Como de praxe, colocando a propriedade na frente da humanidade.
Me incomoda a ânsia por tragédias da mídia brasileira e internacional. Acho louvável a postura de nossa fotógrafa de não sair às ruas de Porto Príncipe para fotografar coisas destruídas e pessoas mortas. Acredito que nenhum de nós gostaria de compartilhar, um pouco que seja, o que passamos ontem.
Infelizmente precisamos de mais uma calamidade para notarmos a existência do Haiti. Para nós, que estamos aqui, a ligação com esse povo e esse país será agora ainda mais difícil de ser quebrada.
Espero que todos os que estão acompanhando o desenrolar desta tragédia também se atentem, antes tarde do que nunca, para este pequeno povo nesta pequena metade de ilha que deu a luz a uma criatividade, uma vontade de viver e uma luta tão invejáveis.
publicado no dia 13 de janeiro em
http://lacitadelle.wordpress.com/2010/01/13/haiti-estamos-abandonados/
Postado por Victor Paes às 15:42
domingo, 17 de janeiro de 2010
IMÃ (composição de Ednardo)
Rasgando um buraco no azul
Tu afloras feito o arco-íris
Com um pé pisando no tempo e o outro no espaço
E molha a sequidão do meu rosto de pedra
Na água cristalina
Em nosso rastro ferido arde
O Brasil e a nossa sina
Nada te dou como herança
Nada quero
A vida é uma pessoa sem medo no caminho
Estrela de cinco pontas luminando noites
Do universo do chão ardendo luminando noites
Habitamos o verbo chamado homem luminando noites
Cumprindo o destino do ser
A raiz afunda na terra
E bebe os segredos da areia
Espalhando em cada folha
Uma canção ao vento leve
Leve é aquilo que brota
Muito além do medo
Serena é a coragem de tudo aquilo que é
Que é quem sempre caminha
E nunca pensa que tarda
Sua flecha certeira
Sempre crava na luz
E sempre amanhece
Tu afloras feito o arco-íris
Com um pé pisando no tempo e o outro no espaço
E molha a sequidão do meu rosto de pedra
Na água cristalina
Em nosso rastro ferido arde
O Brasil e a nossa sina
Nada te dou como herança
Nada quero
A vida é uma pessoa sem medo no caminho
Estrela de cinco pontas luminando noites
Do universo do chão ardendo luminando noites
Habitamos o verbo chamado homem luminando noites
Cumprindo o destino do ser
A raiz afunda na terra
E bebe os segredos da areia
Espalhando em cada folha
Uma canção ao vento leve
Leve é aquilo que brota
Muito além do medo
Serena é a coragem de tudo aquilo que é
Que é quem sempre caminha
E nunca pensa que tarda
Sua flecha certeira
Sempre crava na luz
E sempre amanhece
Leve é aquilo que brota muito além do medo. É o medo, que escorre por nossas mãos sempre que tentamos responder perguntas bem simples ou mesmo, quando tentamos dar uma resposta a este mundo sem aparas, vago e que flutua no espaço, no vazio da mão do Senhor.
O medo é o que vemos nas pessoas atônitas diante de inesperadas catástrofes naturais.
Caminhos que percorremos a sós.
Não temos herança, pelo menos não a herança de nossos países.
Neles o que nos vale é a solidariedade e a compaixão que possamos ter uns pelos outros, nada mais.
Não há esperança de políticas públicas realmente eficazes que garantam a saúde mental e física de seus cidadãos, eu falo de educação, de moradia, de alimentação, de condições de higiene e saúde pública, além de informação de qualidade.
As cidades são construções inesperadas e verticais, totalmente fora de contato com sua população, a maioria delas não passam de conjuntos desumanos de concreto.
Como bem diz Ednardo(grato compositor cearense):
"Em nosso rastro ferido arde
O Brasil e a nossa sina
Nada te dou como herança
Nada quero
A vida é uma pessoa sem medo no caminho"
Somos então vestígios, traços, rastros e sina?
Seguimos cheios de sede e fome, frente a este céu azul, que se abre a nossa frente. Nos emprumamos e vamos adiante, mesmo que ninguém nos queira ouvir.
Eu não vou desistir, nem os haitianos, nem os que perderam famílias nas enchentes no Brasil e assim por diante...
Somos muito mais que um povo de uma terra demarcada: somos os que caminham, os que não tardam com sua flecha certeira e que acreditam que sempre amanhece.
sábado, 9 de janeiro de 2010
A poética das cores ou os primeiros acordes de um novo ano
Tenho um móbile em meu quarto que pela manhã, aos primeiros raios de sol,
refrata e decompõe a luz em cores que inundam as paredes, os móveis e o meu corpo.
Lá fora a mata verde desperta, o azul do céu floresce e o som dos passarinhos
finalmente, me desperta. O que há para dizer?
Existem palavras que possam descrever todo este amor? Esta paixão de ser?
Vá saber, eu tento.
A brisa fresca provoca arrepios deliciosos... saio da cama
como estou, caminho despertando cada canto do apartamento.
Como é bom viver! Doce e suave pode ser.
Fecho meus olhos e aproveito o instante, este enleio, para me imaginar em seus sonhos.
Vejo as cores fortes com as quais você pinta o seu universo interno,
sinto o material onírico se desfazer em cores suaves com a minha presença, me vejo
chegar devagar - pinto um sol, uma lua e no fundo luzes se misturam.
Venho para você, só para você e seus olhos de mar.
Chego nua e intensa, febril e inexata, com medo, mas voraz. Caminho até você que observa meu ballet, minha dança, já aflito, ardido, banhado de suor.
Neste momento não negamos o amor, apenas somos o amor, consumamos o amor
calmamente, como se tivéssemos todo tempo do mundo, como senhores da vida
que é nossa. Ah, o querer sem avessos e conflitos, o amor que se desfaz
nesta poética de cores com as quais pintamos nosso prazer!
Tenhamos prazer, testemos nossas fantasias misturadas com o mundo surreal dos
nossos sonhos. Junte seus lábios aos meus com loucura e tesão, grude seu corpo ao meu
através de nossos fluídos e suores, quero sentir seus pelos eriçados e o suspiro delicado,
o seu peso e o seu cansaço. Quero mergulhar no verde do seu mar e me deixar naufragar,
tranqüila, vendo as cores de cada manhã renovadas no viver de cada dia.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Él Paraguay - por Arturo Peña
A manera de introducción
Se lo debía de hace rato. Mi querida amiga Cynthia me había pedido unas líneas para acompañar las lindas fotos que hizo durante su paso por Asunción, ocasión en que tuve el placer de conocerla. Y luego conocer también sus poemas, que son una extensión de ella. Y bueno, aquí están: humildes, quizás pocas para explicar este universo de poco más de 400 mil kilómetros cuadrados que es el Paraguay, pero líneas al final que llevan todo mi afecto (quizás esto les de también una pequeña muestra de esa particular relación que tenemos los paraguayos con el tiempo… Por ejemplo, cuando te digo: “mañana”, puede ser cualquier mañana… pero finalmente amanece).
Historias de una misma sangre
Cuenta la leyenda que del gran diluvio universal del que había anunciado el profeta Tamandare, solo sobrevivió una familia, a la que le fue asignada por Tupa (Dios) la misión de repoblar la Tierra. De esta familia de indígenas carios nacieron los hermanos Tupi y Guarani. Los hermanos crecieron fuertes en las inmensas selvas americanas, cultivando la tierra, cazando y protegiendo el paraíso natural que les rodeaba. Tuvieron sus esposas e hijos y compartieron el hogar.
Sin embargo, debido a disputas entre sus familias, pactaron separarse. Fue así que Guarani se dirigió hacia las tierras del sur, dando origen a los Pueblos que conocemos como los Guaraníes en Paraguay, noroeste de la Argentina y sur de Brasil. Mientras que Tupi llevó a su familia a poblar los territorios que hoy corresponden al Brasil y hacia el norte del continente. Así, según la leyenda, nacieron las dos familias carias más importantes de esta parte del continente, razas libres, fuertes e independientes, que dominaron el territorio hasta la llegada de los españoles.
Es por ello que lo que pueda contar de mi país es en realidad parte una misma historia, de una misma sangre que corre por nuestras venas, esas “venas abiertas” de Eduardo Galeano, que nos recorren de norte a sur y de este a oeste.
En Paraguay, nuestra sangre guaraní está muy presente, en el cotidiano, cuando subimos al bus para ir al trabajo, cuando salimos a comer algo, en el hogar. Está presente en nuestra forma de ver la vida, el día a día. Porque está presente en nuestra palabra.
El idioma guarani –lengua oficial del Paraguay junto con el español- es una de las grandes riquezas de nuestro pueblo. Es el cable de conexión con nuestros antepasados y es nuestra identidad hoy. Hablado de forma más pura y por la gran mayoría de la población en las zonas rurales, el guarani, en su forma urbana, se lo conoce como “jopara” (que significa: mezcla, en guarani), que es una fusión de una base hablada en guarani con vocablos en español insertados, sin una regla aparente. Por ejemplo: Jaha estadiope (Vamos al estadio: donde a la palabra estadio se le agrega la terminación “pe”, que vendría a cumplir una función de especie de adverbio de lugar).
El jopara se escucha en todas las esquinas, en las rondas de encuentro, donde tampoco falta el “terere”, una infusión de yerba mate con agua fría –sería un chimarrão con agua fría-, bebida muy tradicional del Paraguay, que tendría que ser, a mi criterio, incluido entre los símbolos nacionales, por lo menos. El terere en el Paraguay es casi vital. La utilización de la yerba, heredada de nuestros padres guaranies, es un verdadero aliciente en la época estival debido a las altas temperaturas y acompaña al paraguayo vaya a donde vaya, al estadio para ver un partido de fútbol o al trabajo (en momentos que se escriben estas líneas tenemos 34 grados de temperatura, en pleno noviembre. Obviamente, tengo mi terere aquí al lado…).
Si recorremos la historia del Paraguay, vemos que es una historia de sacrificio, como toda la historia latinoamericana. Es la vida de un pueblo que sigue cicatrizando hasta hoy, debido a que se sigue dañando sobre sus viejas heridas.
La Guerra de la Triple Alianza (1865-1870) marcó a fuego nuestra historia. El conflicto, al que el escritor brasilero José Luis Chiavenato bautizó como el “genocidio americano”, enfrentó al Paraguay contra los ejércitos unidos de Argentina, Brasil y Uruguay, en una guerra sangrienta. Los grandes intereses del capital internacional llevaron a estas naciones hermanas a la confrontación, dejando para el Paraguay un saldo devastador, con el exterminio de casi toda la población, el robo de su territorio anexado por Brasil y Argentina, y la pérdida de su soberanía. Un país en ruinas. Una nación truncada. Y una nueva historia que se abría hacia un futuro incierto. De esta guerra se desprenden los grandes latifundios de tierras, vendidas por migajas para pagar los costos de la guerra, adquiridas por empresas y terratenientes extranjeros. La injusta distribución de la tierra sigue constituyendo hoy uno de los principales problemas sociales y económicos en el país.
Hoy el Paraguay trata de levantarse de otro periodo nefasto de su historia: la dictadura militar del general Alfredo Strossner, quien mantuvo al pueblo oprimido bajo un régimen de 35 años, que dejó centenares de muertos, desaparecidos y torturados, y sentó las bases para que su partido político, el partido Colorado, continuara en el gobierno por casi treinta años más.
Seis décadas de gobierno Colorado cayeron el pasado año, con la elección como presidente del Paraguay de Fernando Lugo, un ex obispo de la iglesia católica, hombre con un pasado de lucha social en una de las zonas más pobres del país, el departamento de San Pedro, quien surgió como una alternativa para una población harta de la corrupción política.
Los nuevos tiempos no vienen fáciles. Lugo está en la complicada misión de pelear, sin un respaldo político sólido, contra la estructura colorada, ahora en la oposición, que sigue activa a pesar de no ser gobierno y que ha puesto en marcha la maquinaria de la desestabilización. Hoy, la discusión política gira en torno a un intento de juicio político al presidente Lugo impulsado desde el Congreso. Un escenario de inseguridad social creado y alimentado por los medios de comunicación en manos de la derecha, ante el temor al perfil socialista del nuevo mandatario.
Augusto Roa Bastos, nuestra figura literaria más importante, definió al Paraguay como “isla sin mar”. Ciertamente, nuestra condición de país mediterráneo nos hace una especie de país para adentro. Poco se sabe quizás de lo que está pasando dentro de estas fronteras, pero no les miento si les digo que el futuro de una nueva historia latinoamericana, una nueva era que aspire a la justicia social y la igualdad, se puede estar jugando en parte aquí.
El terere se va acabando con estas líneas, que tratan de contar brevemente –y si me extendí más de la cuenta, mis disculpas- algo sobre mi país.
Otra de las características de nuestra gente es su hospitalidad, que espero la hayan podido sentir aquellas personas que ya nos visitaron. Por ello, entonces, les invito a cordialmente a que se vengan cuando quieran.
Tienen una casa en Paraguay.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Quero ler um poema
Hoje é dia 27/10/2009, nuvens escuras pesam sobre a cidade do Rio de Janeiro.
Tomo banho, me visto e vou trabalhar.
Foi exatamente no momento de entrar no trem do metrô, para o centro que reparei: eu lia um livro, enquanto praticamente todas as pessoas estavam com fones de ouvido e os seus MPs quaisquer coisa da vida.
Eu lia um livro, constatei. Um livro de poesia.
E, pelo menos naquele vagão ninguém lia nada, apenas balançava a cabeça, hora ou outra, no ritmo de um música inaudível para mim.
Cada um em seu universo.
Todo mundo indo para o trabalho ensimesmado (e pela primeira vez acredito entender o conteúdo desta palavra).
Eu lia um livro de poesia, e me deu uma vontade de ler alto. Acho que ninguém iria notar.
Você pode ler este texto e dizer: e dai, o que você quer dizer com isso?
Sei lá, não quero falar o óbvio, mas não está claro que tudo é muito óbvio?
Que a maioria das pessoas escuta o que a maioria escuta, lê no máximo revistas de variedades e vê muita televisão estatelada no sofá da sala?
Então ninguém mais vê o outro e agora ninguém mais ouve o outro, qual o próximo passo?
Eu não sei, mas o que quero é escrever este poema, que desejei ler alto para um monte de gente, no metrô, na Central do Brasil, nas igrejas, nas ruas, etc:
De Nei Duclós
O mar perdeu o mar
as ondas vem avisar
Netuno não cansa de gritar
nem os búzios sabem onde está
A água bate
e volta sem encontrar
Inúteis faróis acendem e apagam
Mas o mar está louco
e pediu para despistar
Não posso dizer nada
Quem se perdeu? Não sei
Brinco na areia e calo
Do Livro NO MEIO DA RUA (1979)
A chuva desce forte sobre a cidade do Rio de Janeiro, enquanto escrevo,
só Deus sabe porquê.
Tomo banho, me visto e vou trabalhar.
Foi exatamente no momento de entrar no trem do metrô, para o centro que reparei: eu lia um livro, enquanto praticamente todas as pessoas estavam com fones de ouvido e os seus MPs quaisquer coisa da vida.
Eu lia um livro, constatei. Um livro de poesia.
E, pelo menos naquele vagão ninguém lia nada, apenas balançava a cabeça, hora ou outra, no ritmo de um música inaudível para mim.
Cada um em seu universo.
Todo mundo indo para o trabalho ensimesmado (e pela primeira vez acredito entender o conteúdo desta palavra).
Eu lia um livro de poesia, e me deu uma vontade de ler alto. Acho que ninguém iria notar.
Você pode ler este texto e dizer: e dai, o que você quer dizer com isso?
Sei lá, não quero falar o óbvio, mas não está claro que tudo é muito óbvio?
Que a maioria das pessoas escuta o que a maioria escuta, lê no máximo revistas de variedades e vê muita televisão estatelada no sofá da sala?
Então ninguém mais vê o outro e agora ninguém mais ouve o outro, qual o próximo passo?
Eu não sei, mas o que quero é escrever este poema, que desejei ler alto para um monte de gente, no metrô, na Central do Brasil, nas igrejas, nas ruas, etc:
De Nei Duclós
O mar perdeu o mar
as ondas vem avisar
Netuno não cansa de gritar
nem os búzios sabem onde está
A água bate
e volta sem encontrar
Inúteis faróis acendem e apagam
Mas o mar está louco
e pediu para despistar
Não posso dizer nada
Quem se perdeu? Não sei
Brinco na areia e calo
Do Livro NO MEIO DA RUA (1979)
A chuva desce forte sobre a cidade do Rio de Janeiro, enquanto escrevo,
só Deus sabe porquê.
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